Apesar dos pedidos de providências à Câmara Municipal de Londrina (CML) em relação às atitudes do vereador Emerson Petriv (PR), o Boca Aberta, em visitas de fiscalização a Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) de Londrina, os processos só começarão a andar efetivamente no dia 2 de fevereiro, quando haverá a primeira sessão ordinária da atual legislatura.
Os pedidos de providência chegaram depois de duas visitas do vereador à UPA do Jardim do Sol, nos dias 5 e 11 de janeiro. Com a justificativa de fiscalizar a ausência de profissionais escalados nas unidades de saúde, que levaria à demora no atendimento, Boca Aberta entrou nas dependências e filmou pacientes e funcionários. As duas ocasiões acabaram na delegacia, com representações contra o vereador por desacato e outras tipificações. Ele diz que não agrediu ninguém verbalmente, mas que seu modo de se expressar "desagrada algumas pessoas".
Além de reunião do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná e de profissionais da rede municipal de saúde com a Mesa Diretora, na tarde desta quinta-feira (12), a Casa recebeu três representações contra o parlamentar, das quais duas pedem para que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar analisem a postura do vereador durante as fiscalizações. A comissão, entretanto, só será formada após a retomada dos trabalhos legislativos, assim como o despacho das representações. Além disso, uma reunião foi marcada para as 11h desta sexta-feira (13) entre a Mesa Diretora e Boca Aberta.
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O presidente do sindicato dos médicos, Alberto Toshio Oba, diz que a categoria quer uma solução para o impasse já que, do modo como age, Boca Aberta tem constrangido e exposto funcionários e pacientes. "O vereador tem a obrigação de fiscalizar, mas ele faz de uma forma agressiva e ainda publica em redes sociais", afirma.
Ainda de acordo com ele, a atuação do vereador acaba por jogar a população contra os servidores, o que provoca insegurança entre eles. Oba defende que a demora nos atendimentos tem origem em vários fatores, como a falta de funcionários e a alta demanda – ainda maior depois que a crise levou usuários de planos de saúde para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O presidente da Câmara, Mario Takahashi (PV), diz que a reunião com Boca Aberta dará a oportunidade do vereador apresentar sua versão dos fatos, como provas de ausências de médicos, mas também haverá uma discussão sobre como deve ser feita a fiscalização do poder público. "O que mais preocupa [na atuação de Boca Aberta] é insuflar a população contra os atendentes. Também existe reclamação à forma como é feita a fiscalização, com filmagens de quem não quer sua imagem exposta, e gritaria, o que prejudica o atendimento", explica o presidente.
Boca Aberta nega que haja excessos por sua parte e afirma que a "blitz da saúde", como chama suas incursões nas UPAs, vai continuar, com visitas em locais e horários aleatórios para verificar se a escala de funcionários é cumprida. Ele também diz que sempre atuará acompanhado de uma equipe composta de advogado, câmera e testemunhas e promete apresentar, na reunião desta sexta, as provas de que médicos da unidade do Jardim do Sol não estavam no local em seus horários de escala – teriam chegado mais tarde, avisados por uma funcionária. "Eu tenho filmado todas as salas vazias. Vou continuar com as gravações que são minhas provas", afirma.