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Amazônia

Acidentes em barcos provocam escalpelamento e mutilações

Redação Bonde
19 fev 2008 às 09:16

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Vítimas de uma tragédia ainda pouco conhecida no resto do país, homens, mulheres e crianças ribeirinhos vêm sendo desfigurados ou mortos em acidentes ocorridos em embarcações que percorrem os rios, igarapés e lagos da Amazônia.

Na região, essas pessoas são conhecidas como as vítimas do escalpelamento, referência às mulheres que tiveram o cabelo e toda a pele do crânio arrancados por eixos de motores improvisados.

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Por manterem cabelos compridos de acordo com os costumes ribeirinhos, as mulheres, incluindo crianças, são quase a totalidade das vítimas. Também há casos de homens que perderam a genitália ao serem puxados pelas calças ou pelos shorts.

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Além das mutilações, há os casos em que a pessoa tem o pé quebrado após prendê-lo em uma polia, ou então sofre queimaduras ao se encostar no cano de descarga do motor, que também fica exposto.

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Em geral, os eixos ficam escondidos sob pequenas tábuas de madeira, no assoalho dos barcos. É comum nas embarcações menores os passageiros viajarem sentados em bancos sobre o eixo.


Nos barcos maiores, é possível encontrar redes de dormir estendidas até mesmo sobre o motor. Basta um descuido para que o cabelo ou partes da roupa se enrosquem nas partes mecânicas à mostra.

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Desde 2003, 244 casos foram registrados somente no Amapá, onde o governo estadual estima que haja 1.400 vítimas. "Vivas. Fora as que morreram e foram registrados como casos de hemorragia", diz a secretária extraordinária de Política para Mulheres, Ester de Paula de Araújo.


O problema, apesar do número de vítimas, parece ser de fácil solução. O governo do estado do Amapá, por exemplo, estuda distribuir, gratuitamente, um kit de segurança para cada dono de barco. Segundo Ester, cada conjunto de metal para cobrir motor e eixo custará cerca de R$ 100.

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O gasto será dividido entre os governos estadual e federal. Tão logo o equipamento seja disponibilizado, a idéia é torná-lo obrigatório. A fiscalização caberá à Marinha, à Secretaria de Transportes e à Associação de Mulheres Ribeirinhas e Vítimas de Escalpelamento da Amazônia.


Conversando com a secretária e com as vítimas, fica claro que o problema ocorre por uma conjunção de fatores, como improvisação, falta de fiscalização e de campanhas educativas sobre os riscos de viajar em barcos com o motor desprotegido.

Agência Brasil


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