No dia 16 de dezembro, um asteroide de cerca de 5 quilômetros de diâmetro chegará a 10 milhões de quilômetros da Terra - uma distância que, em termos astronômicos, equivale a "passar raspando".
O asteroide, conhecido como 3200 Phaethon, dá uma volta em torno do Sol a cada 1,4 ano, mas, desde que foi descoberto em 1983, ele nunca chegou tão próximo da Terra. Segundo a Agência Espacial Americana (Nasa, na sigla em inglês), porém, o asteroide não tem a menor chance de atingir o planeta.
Por seu tamanho e por sua órbita, o 3200 Phaethon é classificado pelos astrônomos como "potencialmente perigoso". Segundo a Nasa, a gravidade de Júpiter fez com que o 3200 Phaethon se aproximasse mais da Terra nos últimos séculos, mas ainda levará alguns milhares de anos até que ele represente algum risco real de colisão. Especula-se que o choque de asteroide com o dobro desse tamanho tenha levado os dinossauros à extinção, ha cerca de 65 milhões de anos.
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De acordo com o Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra (Cneos, na sigla em inglês), da Nasa, entre esta terça-feira, 28, e o último dia de 2017, um total de 45 objetos passarão a menos de 15 milhões de quilômetros da Terra. Mas a maior parte deles tem diâmetros estimados de 10 a 300 metros.
Com cerca de 5 quilômetros de diâmetro, o 3200 Phaethon é o terceiro maior asteroide classificado como "potencialmente perigoso". Os outros são o 53319 1999 JM8, com cerca de 7 quilômetros, e o 4183 Cuno, com 5,6 quilômetros.
Embora seja inofensiva, a passagem do 3200 Phaethon a 10 milhões de quilômetros - uma distância apenas 27 vezes maior do que a existente entre a Terra e a Lua - chama a atenção dos cientistas, porque desta vez talvez seja possível estudá-lo com mais precisão e desvendar um persistente mistério astronômico.
O 3200 Phaethon é uma anomalia espacial, e a Nasa ainda não tem certeza de como classificá-lo. Embora seja tecnicamente listado como um asteroide, o 3200 Phaethon é o único asteroide já observado que é capaz de produzir uma chuva de meteoros. A passagem do asteroide nas vizinhanças da Terra coincide com a chuva de meteoros conhecida como Gemínidas.
Uma chuva de meteoros ocorre quando, ao orbitar em torno do Sol, a Terra atravessa uma região onde há concentração de poeira e partículas. Ao entrar na atmosfera, as partículas se incendeiam, formando rastros luminosos no céu - as chamadas "estrelas cadentes".
Em geral, as partículas que formam as chuvas de meteoros são detritos congelados espalhados por um cometa, quando ele se aproxima do Sol e forma uma cauda vaporosa. Mas as Gemínidas não têm nenhum cometa associado a elas e, sim, um asteroide - o 3200 Phaethon.
Além de dar origem às Gemínidas, o asteroide também chama a atenção por sua órbita excêntrica, mais semelhante às órbitas dos cometas que às dos asteroides. Os cientistas levantaram diversas hipóteses para explicar essas características incomuns, mas só poderão chegar a alguma conclusão se olharem o asteroide "de perto". Esta será a melhor oportunidade até o fim do século.
Segundo a Nasa, no dia 16 de dezembro, o 3200 Phaethon estará na mira dos radares dos observatórios de Goldstone e Arecibo, operados pela agência espacial.
"Essa será a melhor oportunidade até hoje para realizar observações por radar desse asteroide e esperamos conseguir imagens detalhadas, com resoluções de 75 metros por pixel, no radar Goldstone e de 15 metros por pixel em Arecibo. As imagens serão excelentes para a obtenção de um modelo 3D detalhado do asteroide", divulgou a Nasa.
Em 1983, o 3200 Phaethon foi o primeiro asteroide descoberto por um satélite - o Iras, da Nasa - e, em sua passagem de 2007, foi detectado pelo radar de Arecibo.
Por causa de problemas nos equipamentos, porém, os dados de 2007 foram suficientes apenas para determinar suas dimensões e formato aproximado, mas não para compreender sua origem. Uma das hipóteses, segundo a Nasa, é de que o 3200 Phaethon já tenha sido um cometa, que hoje tem seu núcleo inativo. Para comprová-la, seria preciso observar atividade em sua superfície.
"A aparição de 2017 será a mais próxima desde a descoberta do asteroide, portanto poderá ser possível que observatórios ópticos detectem atividade. Caso o 3200 Phaethon apresente atividade inesperadamente forte, há uma pequena chance de que as observações por radar revelem ecos de uma nuvem de pequenas partículas semelhante às que são vistas em cometas", divulgou a Nasa.
Ainda segundo a Nasa, em meados de dezembro, o 3200 Phaethon poderá ser visto até mesmo com pequenos telescópios, por observadores experientes, em locais com céu muito escuro.
O encontro de do 3200 Phaethon com a Terra em 2017 será o mais próximo desde 1974 - quando ainda não se sabia de sua existência. Tal proximidade só será repetida em 2093.