Pelo menos 40 pessoas morreram em dois atentados a bomba ocorridos nesta sexta-feira (23) em Damasco, capital da Síria, em ataques sem precedentes no país.
As informações sobre os carros-bomba foram dadas pela rede de TV estatal, já que o trabalho jornalístico independente é restrito na Síria.
Cerca de 20 minutos após os ataques, a TV disse que as suspeitas sobre as ações recaem sobre militantes suicidas da Al-Qaeda, que teriam alvejado agências de segurança em Damasco.
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Já ativistas de oposição dizem que os ataques foram forjados pelo próprio governo para influenciar a percepção de observadores da Liga Árabe no país e convencê-los de que extremistas operam no país.
O governo sírio argumenta que a onda de protestos que toma o país desde março é causada por "terroristas armados" financiados no exterior.
As duas explosões ocorreram quase simultaneamente na manhã desta sexta, e imagens da TV mostravam edifícios bastante danificados, de onde equipes de resgate tentavam tirar as vítimas. Cerca de cem pessoas foram feridas.
'Terroristas'
"No primeiro dia após a chegada de observadores (da Liga Árabe), este é o presente que recebemos de terroristas e da Al-Qaeda", declarou à agência France Presse o vice-chanceler sírio, Faisal Mekdad.
"Mas faremos tudo o que pudermos para facilitar a missão da Liga Árabe."
Um porta-voz da Chancelaria disse à BBC que o Líbano, país vizinho, havia advertido há dois dias que "grupos da Al-Qaeda haviam infiltrado a Síria".
Os observadores da Liga Árabe estão no país com a missão de supervisionar um acordo pelo fim da violência no país. Mas ativistas de direitos humanos e da oposição alegam que ao menos 12 civis foram mortos nesta sexta-feira com tiros disparados por forças de segurança.
A ONU diz que mais de 5 mil pessoas morreram e outras milhares foram presas nos últimos dez meses na Síria, devido aos protestos populares contra o regime.
O governo sírio, por sua vez, alega que 2 mil membros das forças de segurança foram mortos durante os levantes.
'Misterioso'
Omar Idilbi, integrante do Conselho Nacional Sírio, a principal coalizão de oposição, disse à agência AP que os atentados desta sexta são "muito misteriosas por terem ocorrido em áreas fortemente protegidas que são difíceis de serem penetradas por carros".
"A presença da equipe da Liga Árabe forçou o regime a criar essa história para assustá-los quando eles forem se movimentar pela Síria", afirmou.
"A segunda mensagem é uma tentativa de fazer com que a Liga Árabe e a opinião pública internacional acreditem que a Síria está sendo alvo de atos terroristas da Al-Qaeda."
Também nesta sexta-feira, o governo suíço anunciou o congelamento de US$ 53 milhões em ativos pertencentes ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, e a outros altos integrantes do governo do país, segundo a agência Reuters.