O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, assumiu nesta terça-feira a presidência da União Européia sob uma chuva de críticas e polêmicas provenientes de muitos setores, tanto dentro como fora da Itália.
Uma série de críticas dos principais jornais europeus - franceses, ingleses, alemães e espanhóis - questionam a capacidade do chefe de governo italiano e ex-magnata das comunicações para comandar a Europa num momento delicado da história da UE, que está formando novas instituições e ampliando o número de países que a integram.
Para se defender, Berlusconi ataca a esquerda italiana, a imprensa de seu país e os juízes ''vermelhos'', interessados, segundo ele, em derrubar o seu governo.
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Os problemas internos também prejudicam sua imagem, sobretudo depois da aprovação da lei de imunidade para os cinco principais cargos do Estado, que salvou Berlusconi de uma provável condenação judicial durante o semestre que seu país governa a Europa.
Famoso por suas tiradas inoportunas e explosivas, assim como por sua falta de tato diplomático, Berlusconi terá que lidar com temas complexos, como a Conferência que em meados de outubro deverá adotar a Constituição Européia, elaborada pelo ex-presidente francês Valery Giscard d'Estaing.
Temas decisivos, como a eleição de um presidente permanente da UE ou a necessidade de introduzir uma menção específica aos valores cristãos, como já solicitou várias vezes o papa João Paulo 2º, não foram definidos no rascunho da Constituição.
''A Itália não pretende reabrir capítulos do projeto de Constituição nos quais se alcançou um amplo consenso'', advertiu o chefe da diplomacia italiana, Franco Frattini, durante um debate no Parlamento.
''Acredito que é um dever político e moral de todos os italianos, sem exceção, apoiar a Itália e a presidência rotativa, que neste momento é representada por um governo legitimamente eleito'', pediu Frattini nesta terça aos parlamentares.
Homem de negócios, conhecido por ser prático e direto, Berlusconi já anunciou que não visitará, como é tradição, as quinze capitais dos países da UE, que em breve terá 25 nações.
O polêmico Berlusconi trabalhará para aliviar as tensões surgidas com os Estados Unidos, principal aliado da UE, depois das divisões registradas pela guerra contra o Iraque e pela criação da Corte Penal Internacional.
Outros temas delicados, como a luta contra a imigração clandestina no continente, a integração dos Balcãs ocidentais, a reconstrução do Iraque e o conflito no Oriente Médio, figuram na agenda do novo presidente da UE.
Porém, alguns diplomatas europeus temem que os problemas políticos nacionais afetem o processo de reformas e consolidação da nova instituição do velho continente.