O Brasil poderá exportar, principalmente para países da África, o gel vaginal desenvolvido a partir de algas marinhas para prevenir infecções do vírus HIV, causador da aids.
A afirmação é da professora de Biologia Marinha Valéria Laneuville Teixeira, do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), que disse que é necessário comprovar se o produto não é tóxico e se é eficaz em seres humanos. Com esses testes prontos, "o Brasil poderá exportar, com certeza", afirmou Valéria à Agência Brasil .
A especialista conseguiu isolar o composto químico (dolabelladienetriol) extraído da alga marinha parda, encontrada em grande parte da costa brasileira. O composto foi transformado em um gel pelo professor Luiz Roberto Castello Branco, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Ministério da Saúde, parceiro no projeto.
Leia mais:
Louis Vuitton lança coleção para pets com casinha de cachorro a R$ 340 mil
Justiça de Hong Kong reconhece direitos de moradia e herança para casais do mesmo sexo
Homem que nasceu no dia do naufrágio do Titanic morre aos 112 anos
França pede 20 anos de prisão a marido de Gisèle Pelicot, dopada e estuprada por dezenas de homens
O gel vaginal funciona como um preventivo contra a aids em relações sexuais. "O certo é usar com a camisinha", disse Valéria Teixeira. Ela acrescentou, porém, que em alguns países, como a África, o uso da camisinha é quase um tabu.
"Então, a gente está procurando sempre um produto que a mulher possa passar e que o homem nem tenha conhecimento. Porque nessas sociedades, principalmente nos países onde a aids adquire um caráter epidêmico, você tem as mulheres sem muita voz e o machismo imperando. E, geralmente, o homem não quer usar a camisinha. Então, a gente faz muita pesquisa voltada para a mulher, como um fator de prevenção", declarou a especialista.
O Instituto de Biologia da UFF já iniciou testes em camundongas. Mas, para que o gel vaginal possa ser comercializado é necessário que sejam feitos também testes clínicos, isto é, em pacientes com aids. Valéria Teixeira informou que deverão ser efetuados testes em células humanas de colo de útero. A previsão é de que a fase clínica tenha início em 2009 ou 2010.
A pesquisadora afirmou que o produto também poderá ser adotado pelo Ministério da Saúde em programas de prevenção contra a aids. O ministério tem apoiado o projeto, inclusive em termos financeiros.
"Interessa muito ao Brasil usar uma droga nacional para o coquetel que é dado aos pacientes de aids. O custo é muito alto. Então, se nós tivéssemos um produto nacional para usar, seria muito bom. E o ministério tem dado apoio e incentivo que a gente precisa para trabalhar", afirmou Valéria Teixeira.
O gel vaginal desenvolvido no Brasil apresenta um custo elevado devido à substância ativa coletada da alga. Valéria Teixeira revelou, porém, que o Instituto de Biologia da UFF já está desenvolvendo estudos, em colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para cultivar essa alga.
A idéia é que o produto possa ser obtido de maneira mais rápida, sem degradar o meio ambiente. "O que a gente quer é ter a substância sem ficar extraindo a alga do ambiente. É o desejável", afirmou.
ABr