O Conselho Estadual Antidrogas (Cead), em parceria com o Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está realizando uma extensa pesquisa para traçar o perfil dos dependentes químicos do Estado, a fim de tornar mais eficaz o tratamento.
Uma das preocupações da entidade, que já atendeu a mais de sete mil pessoas este ano, é com os viciados em drogas sintéticas, como o ecstasy, cujo consumo está crescendo entre jovens das classes média e alta.
Em diversos aspectos relacionados ao consumo. Serão analisados prontuários de cinco mil dependentes que procuraram o Cead nos últimos quatro anos.
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Neles, os pesquisadores vão buscar informações como idade, sexo, classe social, grau de instrução, local de moradia, tipo de droga utilizada, tratamentos anteriores, histórico familiar, entre outros itens.
O trabalho, iniciado este mês, é coordenado pela professora Ana Saad, do Projeto de Assistência e Ensino ao Usuário de Álcool e Drogas do Instituto de Psquiatria da UFRJ, e conta com o apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Seis funcionários do Cead estão participando. O grupo vai se debruçar sobre as áreas de prevenção, ensino e assistência da entidade, com o objetivo de aprimorar o atendimento.
O conselho está em alerta por causa do aparecimento de dependentes de ecstasy e do special K, produzido a partir de um anestésico usado em animais. Nos últimos três meses, sete pessoas procuraram tratamento para se livrar do vício no ecstasy e uma, no special K. Até então, o órgão jamais havia recebido viciados nessas drogas.
Um dos pacientes é um lutador de tae kwon do de 24 anos, que participaria da equipe que representou o Brasil nos últimos jogos Pan Americanos. Ele não pôde competir por estar debilitado pelo abuso do ecstasy. O rapaz já era dependente de maconha e cocaína e conheceu a pílula em festas raves e boates.
Hoje em tratamento, o atleta já voltou a treinar, mas continua sofrendo: teve de deixar a casa da mãe, no Leblon, para viver num quarto alugado na Praça Mauá, no centro, porque o padrasto não aceita seu envolvimento com drogas.
Outro caso que chocou os funcionários do Cead foi o de um outro rapaz, que ficou com o corpo deformado de tanto consumir special K. Adepto da musculação em academia de ginástica, ele procurou a droga para ganhar massa muscular.
''Esse aumento fez acender a luz vermelha. Estou preocupado'', disse o coordenador do conselho, Murilo Asfora. Ele conta que as drogas mais consumidas continuam sendo o álcool, a cocaína e a maconha. Das 7.414 pessoas que foram ao Cead entre fevereiro e agosto (em janeiro o órgão não funcionou), 1.400 buscavam ajuda pela primeira vez. Desse total, 380 eram viciados em álcool, 271 em cocaína, 128 em maconha, e 416 em mais de uma droga. A procura foi maior entre pessoas de 18 a 30 anos.
O conselho é um centro de referência em dependência química no Rio e trata casos ambulatoriais. Quando há necessidade de internação, os pacientes são encaminhados para as duas clínicas estaduais que tratam dependentes, em Santa Cruz, na zona oeste, e em Valença, no interior.