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Radicalismo

Gays são punidos com pena de morte no Irã, diz ativista

BBC Brasil
25 set 2007 às 18:31

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Os gays do Irã vivem sob constante ameaça não apenas da polícia e do governo como também da sociedade, disse à BBC Brasil o ativista Arsham Parsi, diretor executivo da IRQO (Iranian Queer Organization), uma organização iraniana que luta pelos direitos dos homossexuais.

Segundo Parsi, de acordo com a lei islâmica Sharia, os homossexuais podem ser perseguidos e condenados à morte por apedrejamento, forca, corte por espada ou sendo jogados do alto de um penhasco. Um juiz da corte islâmica decide como ele deve ser morto.

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"É impossível saber os números de execuções por homossexualismo porque eles não são divulgados pelo Ministério da Justiça", afirma o diretor da IRQO.

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O ativista, no entanto, acrescenta que a homofobia no Irã não parte apenas do governo. "No ano passado, por exemplo, soubemos do caso de um pai que ateou fogo e matou o próprio filho, de 18 anos, quando descobriu que ele era gay, para manter a honra da família."

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"Muitos não chegam a ser presos ou perseguidos pela polícia, mas são executados pela própria família", diz Parsi. "Em geral, a sociedade apóia a perseguição aos gays."


O próprio presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deu uma idéia do drama enfrentado pelos gays no seu país, ao declarar, em uma palestra em Nova York, que não há homossexuais no Irã.

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"Ele (Ahmadinejad) nega a minha existência, assim como nega a existência do Holocausto e de prisioneiros políticos no Irã", disse Parsi.


Fuga

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Do Canadá, Parsi contou, em entrevista por telefone, que teve de fugir do Irã em 2005 quando descobriu que a polícia estava atrás dele.


"A vida para um gay iraniano é muito dura, por falta de informação sobre o assunto e falta de segurança também. Ele tem que usar uma máscara 24 horas por dia. Você não pode ser jovem e gay no Irã", disse Parsi à BBC Brasil.

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Desde 2001, ele dirige uma organização de defesa dos direitos dos homossexuais. "Comecei a organização no Irã por meio de uma rede de e-mails. Ela foi crescendo e, em 2005, recebi ameaças por ser ativista. Eu trabalhava em casa, tinha meu telefone divulgado, e a polícia havia me rastreado. Quando descobri, deixei o Irã em dois dias, e nunca mais voltei", conta.


Um dos trabalhos da IRQO é justamente apresentar relatórios e divulgar, em outros países, a situação dos homossexuais no Irã.

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"No passado", diz Parsi, "era mais difícil para homossexuais iranianos conseguir asilo em outros países por serem gays, já que não havia conhecimento dos riscos. O Ministério da Justiça nega que haja perseguição ou punição aos gays no país, mas sabemos que não é bem assim".


"Mesmo fora do país, muitos iranianos gays não assumem sua sexualidade por temer a reação de suas famílias e da comunidade."

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O próprio Parsi conta que, apesar de ser ativista pelos direitos gays, dar entrevistas e falar sobre o assunto na mídia internacional, a família dele não sabe que ele é homossexual. Mas, desde que se mudou para o Canadá, Parsi diz que se sente livre para falar e fazer campanha sobre o assunto.


Informação


Na opinião de Parsi, falta informação no Irã porque, no país, se aprende na escola que o homossexualismo é proibido e vai contra as leis de Deus.


"Os iranianos não têm idéia da diferença entre homossexualismo, sodomia e pedofilia. Eles acham que homossexuais estupram crianças".


"Quando concluí que era gay, sofri muito. Eu me voltei para o islamismo, rezava para Alá 24 horas por dia pedindo que ele me fizesse uma pessoa melhor", conta Parsi.


Uma das propostas da IRQO é educar a comunidade iraniana, dentro e fora do país, sobre a questão gay.


O diretor-executivo da entidade conta que, na sua infância, não lembra de jamais ter visto a questão ser tratada pela mídia, mas, segundo ele, isso está mudando.


O próprio Parsi deu entrevista recentemente para o serviço persa da BBC, transmitido no Irã, e outras revistas abordam o assunto.


O ativista afirma que a internet é o principal meio de comunicação da comunidade gay e que, com o aumento da informação circulando, mais e mais escritores e poetas homossexuais vêm se manifestando e escrevendo sobre o assunto.

A organização de Parsi recebe cerca de 100 e-mails por dia de pessoas pedindo informações, e a revista online por editada pela IRQO tem 5 mil assinantes.


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