Uma multidão de mais de 1 milhão de fiéis acompanhou na manhã desta sexta-feira (11) a missa de canonização de santo Antônio de Sant'Ana Galvão, o frei Galvão, o primeiro genuinamente brasileiro. A missa foi celebrada no Campo de Marte, em São Paulo, pelo papa Bento XVI.
Antes de subir ao altar, Bento XVI circulou entre os presentes, sendo saudado pelo hino oficial da visita ao Brasil.
O Sumo Pontífice, ao declamar a fórmula de canonização, estabeleceu que em toda a Igreja o primeiro santo brasileiro deverá ser devotamente honrado entre todos os santos.
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Em seguida, sacerdotes entregaram ao Santo Padre um pedaço de osso do Santo Antônio de Sant'Anna Galvão, que será utilizado como relíquia do religioso. Outros objetos do até então Frei, também foram entregues a Bento XVI, com o cálice que ele utilizava para consagrar o Sangue de Cristo.
"Galvão era zeloso, sábio e prudente, uma característica de quem ama de verdade. A conversão dos pecadores era a grande paixão de nosso santo", disse o papa durante a cerimônia.
Bento 16 também fez críticas aos meios de comunicação e voltou a reiterar a importância do casamento.
"Devemos dizer não aos meios de comunicação social que ridicularizam a instituição do casamento e a virgindade antes do casamento", disse.
Com a canonização, está autorizado o culto público de frei Galvão em todo o mundo, assim como a construção de igrejas e de santuários ao santo Antônio de Sant'Ana Galvão.
Processo de canonização começou em 1938
Nascido em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, em 1739, o frade franciscano Antonio de Sant'Anna Galvão fundou o Mosteiro da Luz, onde milhares de fiéis buscam suas "pílulas milagrosas", que vêm em um papelote minúsculo com a inscrição de uma frase em latim de devoção à Virgem Maria.
O processo até a canonização de Frei Galvão foi longo. A causa da beatificação foi iniciada em 1938. Para tornar-se beato, é necessário que o Vaticano reconheça um milagre atribuído ao postulante. Para tornar-se santo, é preciso um segundo milagre.
A Santa Sé é rígida. Para reconhecer os milagres, consulta um grupo de médicos especialistas de fora da Igreja, que precisam atestar que a cura em questão não tem explicação na ciência. Até o ano 996, as próprias dioceses tinham liberdade para fazer as canonizações que bem entendessem. A partir daquele ano, a prerrogativa passou a ser exclusiva do papa. Por volta do século 15, a Santa Sé passou a exigir um milagre. No século 18, aumentou a exigência e começou a pedir dois milagres.
No caso de Frei Galvão, o primeiro milagre ocorreu em 1990. Uma menina de São Paulo estava internada numa UTI e já havia sido desenganada pelos médicos. Curou-se sem explicação. Com fé, sua família havia pedido a cura a Frei Galvão. O Vaticano reconheceu o milagre e canonizou o frade em 1998.
O segundo milagre veio em 1999. Uma gravidez de altíssimo risco, que tinha tudo para ter as piores consequências para a mãe e para o bebê terminou praticamente sem problemas. O único problema foi a criança ter nascido com uma doença grave. Ele se curou logo em seguida, também sem explicação. É por causa desse milagre que Frei Galvão será elevado ao status de santo hoje.