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Vaticanistas

Papa quer "aumentar controle sobre a Igreja brasileira"

Redação Bonde
09 mai 2007 às 08:19

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- Getty Images
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Com sua viagem Brasil, o papa Bento 16 busca ao mesmo tempo valorizar o país e aumentar seu controle sobre a Igreja brasileira, na opinião de especialistas e religiosos.
A escolha do país como a primeira nação fora da Europa a ser visitada e a canonização do primeiro santo brasileiro seriam sinais de que Bento 16 quer deixar clara a importância que dá ao Brasil.

Porém, o momento da viagem – ele vai participar da abertura da 5ª Conferência Episcopal Latino-americana e do Caribe - demonstra que o papa quer ir além disso.

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Bento 16 visita o país num momento delicado para a Igreja da América Latina.

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"Sabemos que a cada dia 8 mil fiéis católicos na América Latina largam a Igreja para andar com os movimentos neopentecostais", diz o escritor e especialista em Vaticano Marco Politi. "É um grave momento de preocupação para o papa, já alarmado com o fato de que a Igreja na Europa é muito secularizada."

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Queda


No Brasil, conforme dados do Vaticano de 2005, 84,5% da população brasileira é católica. Em 1980, eram 90,12%.

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Outros números, como o do IBGE, em 2000 (73,8% de católicos), ou da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 2005 (67%), mostram uma situação ainda pior para a Igreja.


"Nós temos no Brasil uma evasão de católicos acentuada nos últimos anos: ao redor de 1% ao ano", diz o cardeal dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero. "É importante que a Igreja Católica pergunte a si mesma – e o papa quer ajudar nesta reflexão – o que se deve de fato fazer."

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Para dom Cláudio, com sua viagem o papa pretende respaldar a Igreja no Brasil, dizendo que o Vaticano lhe dá apoio, e buscar uma solução à perda de fiéis.


Na opinião do especialista em Vaticano Sandro Magister, Bento 16 não quer apenas prestar apoio, mas dar também um rumo à Igreja no país mais alinhado com a sua própria visão.

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Jesus


Em março passado, um dos principais teóricos da Teologia da Libertação, o jesuíta Jon Sobrino, foi punido pelo Vaticano.

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Para Sandro Magister, essa punição dará o tom da viagem ao Brasil. "O papa condena, ainda hoje, a influência que a Teologia da Libertação teve e ainda tem no clero e a responsabiliza pela debilidade da Igreja na América Latina", diz o especialista em Vaticano Sandro Magister. "A sentença contra Sobrino antecipa o que o papa ditará à Igreja do continente nesta viagem."


De acordo com Magister, na ótica do Vaticano, o problema e a solução à perda de fiéis gira em torno da figura de Jesus, tema central do livro lançado recentemente por Bento 16.

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"Na avaliação do papa, os fiéis mudam para as neopentecostais porque têm sede de um Jesus vivo e verdadeiro", diz. "Ele acredita que a Igreja latino-americana anuncia um Cristo muito frágil. Nos livros de Sobrino, ele é humanizado e politizado, o que desagrada Bento 16."


Influência


Para os especialistas, a decisão do papa de participar da abertura da conferência episcopal é um sinal de como ele pretende reforçar sua mensagem.


O frei Luiz Carlos Susin, responsável pela Secretaria Permanente do 1º e do 2º Fórum Mundial de Teologia e Libertação, disse que a decisão do papa em abrir a 5ª Conferência, em Aparecida, tem motivação intimidatória.


"Estando no início, o papa deverá direcionar fortemente a assembléia", afirma. "Seria aconselhável que ele aparecesse no final e deixasse os bispos trabalharem com suas próprias cabeças."


Em 1979, João Paulo 2º abriu a conferência de Puebla, no México, alertando os bispos contra o que ele chamou de desvios marxistas dos teólogos da libertação. A partir daí, um grande número de prelados e teólogos seguiram a mesma linha, defendendo as correntes mais conservadoras do catolicismo.


De Aparecida, sairão diretrizes para a ação da Igreja nos próximos anos no continente. Deve ser discutido qual o modelo de Igreja deverá ser seguido: o estilo europeu do papa, construído desde cima e para dentro, ou o brasileiro, mais enraizado nos meios populares.

Fonte: BBC Brasil


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