Ativistas de oposição da Síria disseram que pelo menos 70 pessoas morreram em confrontos envolvendo manifestantes e forças de segurança nesta sexta-feira, durante protestos realizados em várias cidades do país.
As manifestações teriam mobilizado dezenas de milhares de pessoas, que foram às ruas pedir democracia. Os oposicionistas dizem que as forças de segurança abriram fogo contra as pessoas nas ruas.
As mortes teriam ocorrido em protestos em Ezra, uma vila próxima à cidade de Deraa (sul do país) e em um subúrbio da capital, Damasco. Há também relatos de mortes nas cidades de Hirak (também na região de Deraa) e Homs (no oeste sírio).
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Apesar de o governo do país não ter confirmado as mortes, este já está sendo considerado o dia mais violento na Síria desde o início dos protestos, há cerca de cinco semanas.
Acredita-se que pelo menos 230 pessoas já haviam morrido desde o começo dos protestos, em março.
A verificação de informações na Síria é complicada pelo fato de o governo recusar pedidos de entrada no país de organizações internacionais e repórteres estrangeiros.
Conflitos
O incidente ocorre um dia após a suspensão do estado de emergência que vigorava desde a década de 1960 no país.
A medida foi vista por analistas como concessão aos manifestantes, que há semanas vêm realizando protestos.
As sextas-feiras são em países muçulmanos um dia tradicional de protestos, que ocorrem após cerimônias religiosas.
A agência estatal de notícias síria Sana disse que foram usados gás lacrimogêneo e canhões d’água nos protestos "para impedir confrontos entre manifestantes e proteger a propriedade privada" e que "algumas pessoas ficaram feridas".
Também nesta sexta-feira, os ativistas que coordenam os protestos divulgaram o primeiro comunicado conjunto desde o começo das manifestações. Nele, eles pedem o estabelecimento de um sistema político democrático.
Eles exigem também o fim da tortura, assassinatos, prisões e violência contra os manifestantes; três dias de luto oficial pelos manifestantes mortos até agora; investigações oficiais sobre a morte de manifestantes; a libertação dos prisioneiros políticos e a reforma na constituição síria, incluindo um limite de dois mandatos consecutivos para um mesmo presidente.
Reações
Reagindo aos relatos vindos da Síria, o governo americano pediu para que o governo pare de atacar os manifestantes.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que o governo de Damasco deveria "parar com o uso de violência contra os manifestantes" e adotar as reformas prometidas.
O chanceler britânico, William Hague, disse estar "extremamente preocupado" com os relatos de mortos e feridos no país.
"Reformas políticas devem ser postas em práticas e implementadas sem atrasos. As leis de emergência devem ser levantadas na prática e não apenas em palavras", disse ele.
Medidas
Além do fim do estado de emergência, o governo sírio anunciou na quinta-feira a permissão para a realização de protestos pacíficos – desde que autorização fosse solicitada com antecedência.
O presidente Bashar Al-Assad, que semana passada disse que não "haveria mais desculpas" para os protestos uma vez levantado o estado de emergência, disse que as exigências dos manifestantes estavam sendo ouvidas.
Mas correspondentes dizem que o governo mantém ainda um amplo leque de opções legais para reprimir os oposicionistas.
As manifestações, inspiradas nos levantes que antecederam a queda dos governos da Tunísia e do Egito e a crise atual na Líbia, são consideradas o maior desafio ao governo de Assad desde que sucedeu seu pai, há quase 11 anos.
O governo sírio responsabiliza muçulmanos sunitas radicais, conhecidos como salafitas, pela crise que vive o país.