O desafio de profissionais do Projeto Quixote, vinculado ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é descobrir o que ocorre com os jovens quando deixam a Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), após um tempo de internação em uma das unidades da instituição e o que motiva a reincidência de infrações resultando em novas internações.
Segundo dados da Febem, dos 6.400 internos, cerca de 20,2% voltam a cometer delitos quando estão nas ruas. Em geral infrações mais graves das que ocorreram pela primeira vez. São crimes de gente grande, como roubo qualificado, homicídio e tráfico de drogas. Muitos não têm uma segunda chance, acabam morrendo nas ruas, principalmente por serem usuários de drogas.
Para identificar as causas, a Unifesp e Febem assinaram hoje um termo de cooperação que vai permitir a realização de uma pesquisa que vai acompanhar a rotina de ex-internos. Serão 130 meninos e 30 meninas com idade entre 12 e 17 anos, vindos de todas as unidades da Febem na capital paulista e Grande São Paulo.
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Fátima Diniz Rigato, responsável pelo projeto, explicou que os jovens serão acompanhados durante a chamada liberdade assistida, quando o menor deixa a instituição, mas tem de comparecer a cada semana ou a cada 15 dias nos postos da Febem. Um relatório feito por assistentes sociais e psicólogos desses postos vai monitorar o que ocorre com esses jovens - se voltaram a estudar, a trabalhar e como está a relação com os pais ou familiares responsáveis.
"O estudo com rigor científico vai permitir definir os fatores que levam a reincidência das infrações e conseguir subsídios para adotar políticas públicas que alterem essa situação", disse Rigato, acrescentando que o resultado do projeto poderá ser usado por educadores e organizações não-governamentais, e conta com a parceria da Universidade McMaster do Canadá e com financiamento da agência Canadian International Development Agency (Cida).
O presidente da Febem, Paulo Sérgio de Oliveira, destacou a importância do projeto e comentou que "o estudo vai permitir lutar por políticas públicas, buscando de forma objetiva as soluções para os problemas do adolescente em conflito com a lei".
Segundo ele, o adolescente de hoje é bem diferente do jovem dos anos 80. Paulo Sérgio de Oliveira ressaltou que atualmente existe um componente em que quase 100% das ocorrências com os jovens têm algum tipo de envolvimento com entorpecente, ou participação no tráfico. "Essa pesquisa poderá ajudar a Febem a entender o seu papel, a entender que não é só o Estado que deve buscar as soluções, mas discutir junto com a sociedade como mudar essa realidade".
Informações Agência Brasil