(ANSA) - Por Silvia Lambertucci - Durante novas escavações no sítio Arqueológico de Pompeia, no sul da Itália, pesquisadores encontraram um baú com artefatos e relíquias que podem ter pertencido à feiticeiras e utilizados em rituais de bruxaria. A descoberta foi revelada com exclusividade à ANSA pelo diretor-geral do parque, Massimo Osanna, e inclui cristais, pedras de âmbar e ametista, botões feitos de ossos, besouro do oriente, amuletos, bonecos, sinos, pênis em miniatura, espelhos, espigas de milhos, punhos e até um minúsculo crânio. Os artefatos foram localizados em Regio V, Casa del Giardino, na antiga cidade do Império Romano, destruída e submersa pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C.
"Dezenas de amuletos ao lado de outros objetos os quais se atribuía o poder de afugentar a má sorte", explica Osanna.
As maravilhas certamente poderiam ter pertencido à dona da casa, mas isso não foi confirmado, porque a caixa de madeira, cujos objetos foram preservados nas cinzas endurecidas de dois mil anos atrás, estava em um ambiente de serviço, longe do quarto da anfitriã e também do átrio da casa, onde os arqueólogos encontraram os esqueletos de 10 pessoas, praticamente todas da mesma família, exterminadas pela violência da erupção enquanto tentavam se salvar.
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Além disso, outro fato é de que neste tesouro não há ouro, e, em Pompeia, todas as mulheres adoravam expor suas relíquias, o que indica que, se fosse de uma jovem rica, haveriam joias no baú, principalmente porque na parede de uma das salas foi encontrado um retrato da proprietária da residência usando um par de brincos brilhantes e refinados.
Os colares contidos no pequeno baú, por sua vez, não são de grande valor econômico. Isso deixa a história mais intrigante: "usar 'joias' para ocasiões de rituais, em vez de [para ficar] elegantes", diz à ANSA o diretor-geral do Parque Arqueológico de Pompeia.
A variedade dos objetos podem ser uma parte de um vasto "tesouro de feiticeiras". Segundo os especialistas, esta coleção de pequenas coisas relacionadas de alguma forma à magia, poderia ter sido de uma pessoa, talvez até uma escrava, dotada de habilidades milagrosas particulares, com uma relação privilegiada com os aspectos mais mágicos da vida cotidiana.
Desta forma, isso poderia explicar a presença de tantos objetos estranhos, todos ligados à tradições do mundo romano, fertilidade, sedução, o sucesso de um nascimento ou um casamento. Até mesmo os espelhos poderiam ter uma função nos rituais.
Os objetos da caixa já foram limpos e restaurados, e, a partir de agora, os arqueólogos poderão examiná-los e estudá-los um a um. O baú foi descoberto na mesma área onde uma inscrição foi encontrada no ano passado, indicando que a erupção pode ter ocorrido em outubro de 79 d.C, dois meses depois do que se pensava anteriormente.
A equipe de especialistas do Grande Projeto Pompeia também está trabalhando para esclarecer a composição da família, o que será o primeiro passo na tentativa de reconstruir a história.
"Os exames sobre os restos mortais das dez pessoas encontradas no átrio mostraram que este é um grupo inteiramente composto por mulheres e crianças", afirmou Osanna à ANSA. Em relação aos homens da família, dois deles morreram a poucos metros da porta da frente. "Estamos tentando reconstruir o DNA de todos e as relações familiares. Achamos que era uma família inteira no sentido romano do termo, portanto isso inclui escravos em serviço".
De acordo com o diretor, entre eles, talvez houvesse uma mulher a quem a família, ou até mesmo a comunidade, reconhecesse poderes que eram, de algum modo, mágicos, talento para ajudar os outros, em particular as meninas e as damas, e uma capacidade de atrair o bem e evitar a má sorte. (ANSA)