Uma campanha nas mídias sociais pedindo melhores salários na Arábia Saudita está ganhando grande adesão dos internautas do país, devido ao recente aumento no custo de vida. Nos últimos dois, ativistas criaram uma hashtag em árabe que se tornou muito popular no Twitter: #nossos_salários_não_cobrem_nossas_necessidades.
Mais de 17 milhões de mensagens com esta hashtag em árabe foram publicadas nas primeiras duas semanas da campanha, que começou em julho. No entanto, a campanha também atrai críticas. Para alguns, ela expõe em público problemas privados. Para outros, ela é simplesmente exagerada.
Um dos objetivos da campanha é fazer com que o rei Abdullah, que governa o país, aumente os salários por decreto. Os ativistas têm exposto o problema da pobreza no país, um dos mais ricos em petróleo do mundo.
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Dia Nacional
Desde os anos 1970, a população passou de sete milhões para 30 milhões. Os mais jovens com bom nível de educação lideram as reivindicações por melhorias. Alguns se ressentem com a promessa feita pelo governo de ajudar o Egito financeiramente, em um momento em que há muita pobreza.
Uma charge que circula no Twitter ilustra o problema. A imagem mostra um casal saudita e um bebê morando em um trailer. A legenda diz: "A Arábia Saudita dá US$ 5 bilhões ao Egito. Eles [a família] não merecem mais?"
A família real saudita também é criticada. Muitas mensagens no Twitter criticam a notícia não-confirmada de que um dos príncipes da família teria pago US$ 500 mil a uma instituição de caridade para ter um encontro de 15 minutos com a atriz americana Kristen Stewart. Ativistas também reclamam da falta de imóveis a preços acessíveis, um problema que já foi criticado pelo Fundo Monetário Internacional em um relatório recente.
Os protestos podem se intensificar em 23 de setembro, o Dia Nacional, um feriado patriótico na Arábia Saudita. Um internauta escreve: "Que Dia Nacional é esse, quando minha nação está afundando em dívida, todos os príncipes estão na Suíça e nós é que pagamos as contas? A culpa é de quem permite que eles brinquem com nosso dinheiro e nosso petróleo."
Este tipo de debate público é raro na Arábia Saudita. O secretário-geral do gabinete do rei, Abdul Rhman al-Sadhan, criticou a campanha no Twitter, dizendo que ela é uma "oportunidade para insurreição (...) liderada por pessoas raivosas com o fato de o reino estar em paz e estabilidade, enquanto outros países sofrem."