O ativista chinês de direitos humanos Liu Xiaobo, atuamente na prisão, foi anunciado nesta sexta-feira (8) como vencedor do prêmio Nobel de 2010.
Em um evento em Oslo, na Noruega, o presidente da Fundação Nobel, Thorbjoern Jagland, afirmou que Liu foi premiado por 20 anos de "luta longa e não-violenta" pela democracia no seu país.
"Por mais de duas décadas Liu Xiaobo tem sido um forte porta-voz pela aplicação dos direitos fundamentais na China", disse Jaglard, acrescentando que o dissidente simboliza o desafio chinês de combinar seu forte crescimento econômico princípios democráticos, liberdades de imprensa e expressão.
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"A China se tornou uma grande potência em termos econômicos e políticos, e é normal que as grandes potências sejam mantidas sob críticas."
Liu Xiaobo vinha sendo apontado como favorito ao prêmio, uma indicação contra a qual o governo chinês já havia se manifestado.
O dissidente de 54 anos foi sentenciado em dezembro do ano passado a 11 anos de prisão e dois anos de perda de direitos políticos por "incitar a subversão" ao lançar a Carta 08, um manifesto que reivindicava a democracia multipartidária e respeito aos direitos humanas na China.
O manifesto, datado de 8 de dezembro de 2008, foi assinado por cerca de 300 intelectuais, advogados e funcionários públicos chineses e lançado por ocasião dos 60 anos da Declaração Universal sobre os Direitos Humanos, da ONU. O documento foi apoiado por cerca de 12 mil pessoas via internet.
"A campanha para estabelecer direitos humanos universais também na China está sendo encampada por muitos chineses, tanto na China quanto no exterior. Através da rígida punição que lhe foi imposta, Liu se tornou o principal símbolo desta vasta luta", disse Jaglard.
Vaclav Havel, o ex-presidente tcheco que também venceu o Nobel pela Carta 77 - que pedia o respeito aos direitos humanos na então Checoslováquia e serviu de inspiração para a Carta 08 - apoiava a nomeação de Liu para o prêmio deste ano. Outro que apoiou o nome do chinês foi o líder tibetano exilado Dalai Lama, considerado um subversivo na China.
Este prêmio só pode fazer uma diferença real se levar a mais pressão internacional para que a China liberte Liu, junto com inúmeros outros prisioneiros de consciência abandonados nas prisões chinesas por exercer o seu direito à liberdade de expressão.
Anistia Internacional
Em comunicado divulgado logo após o anúncio do prêmio, a organização de Direitos Humanos Anistia Internacional - vencedora do prêmio Nobel de 1977 - afirmou que a premiação "coloca em evidência as violações de direitos na China" e pediu ao governo chinês que liberte todos os prisioneiros políticos detidos no país.
"Este prêmio só pode fazer uma diferença real se levar a mais pressão internacional para que a China liberte Liu, junto com inúmeros outros prisioneiros de consciência abandonados nas prisões chinesas por exercer o seu direito à liberdade de expressão", disse a vice-diretora de Ásia-Pacífico da ONG, Catherine Baber.
Outros prêmios Nobel
No ano passado, o anúncio do prêmio Nobel gerou polêmica ao premiar o presidente americano, Barack Obama, que acabava de iniciar sua gestão.
O democrata Obama herdou do seu antecessor, o republicano George W. Bush, um país imerso em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão.
Este ano, a América do Sul teve um vencedor entre os laureados do Nobel: o escritor peruano Mario Vargas Llosa foi o primeiro da região a receber o prêmio desde o colombiano Gabriel García Márquez, em 1982.