Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Ex-militante comunista

Vítima de torturas conta detalhes pela primeira vez

BBC Brasil
21 nov 2011 às 13:48

Compartilhar notícia

siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Aos 71 anos de idade, a ex-militante do Partido Comunista, Leonor Albagli, vai declarar pela primeira vez à Justiça contra os crimes de tortura que sofreu durante o regime militar uruguaio (1973-1985).

"Será a primeira vez que irei à Justiça por vontade própria", disse à BBC Brasil.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Sua audiência está prevista para esta semana, na capital uruguaia. A história de Albagli comove até seus colegas e ex-presos políticos, como Clarel de los Santos. "Foi terrível o que ela viveu", disse ele.

Leia mais:

Imagem de destaque
Canine Collection

Louis Vuitton lança coleção para pets com casinha de cachorro a R$ 340 mil

Imagem de destaque
Direitos LGBTQIA+

Justiça de Hong Kong reconhece direitos de moradia e herança para casais do mesmo sexo

Imagem de destaque
Mais velho do mundo

Homem que nasceu no dia do naufrágio do Titanic morre aos 112 anos

Imagem de destaque
Pena máxima

França pede 20 anos de prisão a marido de Gisèle Pelicot, dopada e estuprada por dezenas de homens


Somente agora, trinta e seis anos depois, a ex-militante decidiu revelar os detalhes das torturas a que foi submetida nas duas vezes em que esteve presa pelos militares, de forma clandestina, entre galpões, prisões e um período num calabouço.

Publicidade


"Eu decidi falar quando soube que os crimes poderiam prescrever no dia primeiro de novembro. Acho que não pode haver perdão para o que fizeram", afirmou. Solteira e sem filhos, ela disse que "muita gente no Uruguai" desconhece que foram realizadas torturas contra os presos políticos naquela época.


Em entrevista à BBC Brasil, Albagli recordou que estava em casa com a mãe e a irmã quando soldados armados invadiram o local, revisaram armários e livros e a levaram com olhos vendados.

Publicidade


A detenção ocorreu em novembro de 1975 e durante nove meses, disse, até agosto de 1976, foi submetida a diferentes práticas de tortura, incluindo choques elétricos.


'Táticas de guerra'

Publicidade


Em 1977, ela foi presa novamente e passou seis anos sendo submetida a novas sessões de choques elétricos, entre outras formas de tortura que às vezes, recordou, só terminavam quando um médico dizia que era o momento de parar ou que ela poderia morrer, como aconteceu com ex-colegas de prisão e militantes.


Albagli contou que passou frio e fome e que foi submetida a "táticas de guerra" como quando mergulhavam sua cabeça num balde com excremento e só a tiravam quando já quase não podia respirar.

Publicidade


"O submarino (o mergulho no balde) era uma das táticas deles. Também passei dias seguidos com olhos vendados e fui submetida a choques elétricos em todo o meu corpo, incluindo meus (órgãos) genitais. Quando eu estava comendo, com olhos vendados, eles me davam socos no estômago. Muitas vezes, me deixavam nua e me apalpavam, sem escrúpulos", contou.


Ela disse que somente uma vez um médico falou aos militares que ela não aguentaria mais as torturas e a internou num hospital militar. "Mas depois me tiraram de lá e as torturas foram reiniciadas", disse.

Publicidade


Na prisão, recordou, não a deixavam tomar banho e a chamavam de "suja e judia". "Uma vez, me deixaram tomar banho e quando pedi uma toalha ligaram o ventilador para eu me secar. Eles não queriam nos machucar, eles queriam nos destruir", disse.


Ela e outros presos foram levados a uma espécie de julgamento onde os militares revelavam o que os outros tinham dito nas sessões de tortura. "Uma forma de nos jogar uns contra os outros."


A tortura a deixou com problemas na coluna e uma gastrite. A previsão é que Albagli e outros ex-presos também realizem, nos próximos dias, exames clínicos e psiquiátricos para que os médicos do Instituto Técnico Forense avaliem as consequências do que sofreram.

"Não me arrependo de nada do que fiz. Pela democracia e contra o autoritarismo, teria feito tudo de novo. Não tenho sonhos ou pesadelos com aqueles dias. Mas a vida durante aquele período (de torturas) e depois não foi fácil", afirmou.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo