A fazenda da Embrapa, em Ponta Grossa, deve ser o primeiro assentamento provisório para trabalhadores sem-terra no Paraná. Este tipo de assentamento foi anunciado pelo governo estadual como uma alternativa enquanto não são viabilizadas áreas definitivas para assentar os agricultores. As informações são da Secretaria Estadual de Comunicação.
A idéia é que eles funcionem como escolas, difundindo novas tecnologias, onde será praticado apenas o plantio de subsistência, seguindo o modelo de agrovilas.
Atualmente 160 famílias estão acampadas na fazenda da Embrapa. Mas nem toda a área será utilizada para a reforma agrária. Apenas 2 mil dos 3,6 mil hectares da propriedade deverão receber os agricultores.
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O projeto prevê a liberação de áreas a serem compradas pelo governo com o apoio das secretarias de Estado e órgãos vinculados. "Ali os trabalhadores aprenderão novas técnicas de plantio e cuidados com os animais antes de receberem uma área definitiva de um assentamento rural", explica Padre Roque Zimmermann, presidente da Comissão de Mediação de Questões da Terra.
Segundo Padre Roque, para assentar provisoriamente as cerca de 80 mil pessoas sem-terra no Paraná é preciso a liberação de 35 a 50 mil hectares. De acordo com a Secretaria, toda a estrutura e apoio técnico será oferecido pelo governo do Estado.
"Com isso, além de resolver o conflito que há hoje entre proprietários de terra e sem-terra, nós também preparamos os agricultores para que, uma vez instalados no assentamento definitivo, eles tenham condições de se tornar pequenos produtores bem sucedidos", diz Padre Roque.
Os futuros assentados deverão ficar de um a dois anos nas agrovilas. Poderão participar do projeto pessoas já cadastradas para a reforma agrária np Paraná. "Estamos também estudando outras formas de cadastro para evitar que pessoas mal-intencionadas venham se beneficiar por essa iniciativa", revela.
Há no Paraná 67 ocupações de terra. A maioria na região Sudoeste do Estado. Oito mil famílias, cerca de 40 mil pessoas, estão acampadas em propriedades rurais que o MST diz serem improdutivas. Outras 6 mil famílias estão acampadas na beira de estradas e rodovias. Desde o início do ano 17 novas ocupações foram realizadas, o que aumentou a tensão entre o MST e os proprietários de terra.
Uma comissão composta por representantes do governo federal e estadual está analisando propostas de reforma agrária para o Paraná. O grupo é composto pelo vice-governador e secretário da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, o superintendente regional do Incra, Celso Lisboa de Lacerda, e o superintendente geral do Incra, Carlos Mareas. A comissão foi formada durante a visita do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ao Paraná.