Mais de mil funcionários do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR) devem entrar em greve a partir das seis horas de hoje. Uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho, às 11 horas, vai tentar um acordo entre diretoria e grevistas. Mas o diretor-geral do HC, Luiz Carlos Sobânia, já adiantou que não há recursos para conceder qualquer reajuste salarial para a categoria.
Os cerca de 1,5 mil funcionários celetistas da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) pedem reajuste de 6,9% nos salários e 23,6% no vale alimentação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná (Sinditest), Antônio Néris, a greve continua enquanto o HC não oferecer uma proposta. "Nós estamos abertos à negociação, mas não aceitamos que o hospital simplesmente se recuse a negociar. Se nada for definido hoje na audiência, vamos continuar com o movimento".
Mas Sobânia afirma que o HC não vai trazer propostas para a audiência. Para a mesa de negociação, só gráficos e documentos para comprovar que não há condições de dar aumento. "A crise no HC é antiga e séria. Para pagar os funcionários já estamos até cortando insumos e medicamentos e isso acaba prejudicando também o atendimento aos pacientes. Eles não podem ser prejudicados ainda mais".
Leia mais:
Paraná publica resolução com regras de consulta do Parceiro da Escola
Defesa Civil alerta para mais uma tempestade nas próximas horas na região de Rolândia
Paraná ganha voo direto de Curitiba a Assunção a partir desta terça-feira
Motorista sem CNH morre após carro capotar em rodovia no Noroeste do Paraná
O diretor do HC diz que o hospital tem um déficit mensal de R$ 400 mil e que os funcionários da Funpar são pagos com cerca de 63% das verbas repassadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Dos R$ 2,7 milhões mensais que recebemos do SUS, R$ 1 milhão são comprometidos com o pagamento do funcionalismo. "Os outros 2 mil funcionários do HC são estatutários e pagos pelo Ministério da Educação (MEC). Sobânia explica que se houvesse a possibilidade da realização de um concurso público, mais servidores seriam pagos através do MEC, desafogando os recursos do Ministério da Saúde.
De acordo com o Sinditest, 30% dos funcionários continuarão trabalhando para manter os serviços essenciais. Para o diretor do HC, o setor mais prejudicado pela greve deve ser, mais uma vez, o de ambulatório e consultas. Sobânia diz que todos os setores de um hospital são essenciais. "Greve na área de saúde deveria ser proibida", afirma.
A partir das seis da manhã, diretores do Sinditest estarão em frente ao HC para chamar os funcionários à greve. Néris diz que todos sabem do movimento, mas que alguns estão com medo de aderir por causa de ameaças de demissão.
Técnicos da UFPR e Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) também podem entrar em greve, que deve ser definida na plenária nacional no próximo sábado, em Brasília. Na reunião, representantes das universidades federais de todo o Brasil vão decidir se fazem paralisação pedindo reajuste de 75% no salário e de 90% no vale refeição.
O HC é o maior hospital público do Paraná e atende não só a pacientes do estado, como também de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul. Só pelo Pronto Atendimento, passam uma média de 450 pessoas por dia.