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Campo Magro: paraíso bucólico sem investimentos e sem cemitério

Dimitri do Valle - Folha do Paraná
09 nov 2000 às 19:27

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A atmosfera bucólica de Campo Magro esconde um drama. Ao contrário de outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba, o município enfrenta problemas para atrair investimentos empresariais. A explicação está na geografia e na legislação que protege a natureza. O território fica na bacia do Rio Passaúna, que fornece 40% da água consumida pela população da Capital. Toda região é considerada Área de Preservação Ambiental (APA).

"Temos certas dificuldades de colocar empresas no município por causa da APA do Passaúna", reconhece o chefe de gabinete da prefeitura, Alcione Gaspar Pinto. O rigor da legislação impede até mesmo que a cidade tenha o seu próprio cemitério. "Os restos orgânicos humanos podem contaminar o lençol freático (reservas de água no subsolo)." Em quatro anos de existência, o antigo distrito de Almirante Tamandaré ainda não tem uma agência bancária. O transporte coletivo depende de Curitiba.

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Nas últimas duas semanas, moradores de Campo Magro foram pegos de surpresa com a alteração dos telefones. O gerente de empresa Gilberto Hartmann conta que a Telepar não colocou uma gravação para informar os novos números. "Ninguém sabe como encontrar a gente", diz. Além disso, quando querem discar para Curitiba os moradores são obrigados a acionar uma das três operadoras que fazem interurbanos no País.

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Irritados, os moradores formaram uma comissão, da qual Hartmann está incluído, que está defendendo que parte do município, onde moram 7 mil pessoas (um terço dos habitantes), seja anexada a Curitiba. "É um município dormitório. Não vamos conseguir trazer mais indústrias para cá por causa da legislação ambiental. Quem tem de arcar com o ônus é Curitiba, onde todos os moradores fazem suas compras e acabam gerando impostos."


O chefe de gabinete da prefeitura, Alcione Gaspar Pinto, discorda da posição. "Achamos que é um movimento que não tem conhecimento do que está fazendo", afirma. Pinto apresenta realizações da atual administração para reforçar que a cidade funciona.

"Todos os bairros são servidos por linhas do transporte coletivo integrado de Curitiba; nossas onze escolas municipais têm transporte gratuito; o Banco do Brasil deve inaugurar até o final do mês a sua agência." Ele compara: "se Curitiba serve de modelo para as capitais, Campo Magro é modelo para a região metropolitana."


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