A campanha para criação de um novo bairro em Curitiba, o Champagnat, que abrangeria parte dos bairros Bigorrilho, Campina do Siqueira e Mercês, está sendo vista com indiferença pela maioria da população da região. Mesmo moradores mais antigos, que vivem há mais de 50 anos no local, parecem não se incomodar com a polêmica, que já virou tema obrigatório em rodas de conversa de intelectuais e moradores ilustres da cidade.
"Aqui é bairro de nobre, mas também tem pobre", resume a dona de casa Rachel Ribeiro Dembicki, que vive há 38 anos no Bigorrilho e é contra a mudança. Para ela, esta alteração vem apenas beneficiar o comércio e setor imobiliário. Sua vizinha Nair Ciola Visocki, há 50 anos no bairro, acha que o nome Champagnat "é mais simpático". Já o morador Alceu Tatara, há 72 anos no Bigorrilho, vê a discussão com indiferença. "É o avanço da prosperidade, que assim como já colocou o nome de Bigorrilho aqui um dia, agora está trazendo Champagnat", afirma. A maioria deles acredita, entretanto, que a mudança é fruto de uma jogada de marketing. "O nome Champagnat é mais chique", admite Nair.
A iniciativa do movimento é do Polloshop e Rádio Jovem Pan, que lançaram a campanha "Eu quero Champagnat" no dia 12 de julho. O movimento prevê a arrecadação de assinaturas para um abaixo-assinado em apoio ao Projeto de Lei do vereador Osmar Bertoldi (PPB), que prevê a criação do novo bairro e, ainda, a entrega de um carro Renault Clio zero km, no dia 23 de setembro, para o autor da melhor frase declarando o seu amor pelo Champagnat. Até esta segunda-feira, o shopping tinha arrecadado pouco mais de 800 assinaturas.
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Segundo o diretor-presidente do grupo Polloshop Ivo Orlando Petris, a idéia de mudar o nome do bairro nasceu em função de uma pesquisa encomendada pelo grupo, que revelou que os moradores confundem-se com o nome do bairro em que residem. "Apesar do champagnat não existir oficialmente, o apelido já está incorporado ao local", diz.
Pelo projeto proposto na Câmara dos Vereadores, os limites do novo bairro seriam as ruas Mário Tourinho, na divisa com a Campina do Siqueira - que hoje termina na rua Gerônimo Durski -, avenida Cândido Hartman e Marcelino Champagnat no limite com as Mercês e alameda Julia da Costa até a rua dr. Aluízio França, que determinariam a divisa com o Bigorrilho.