O show do cantor e compositor Renato Teixeira na abertura do Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná, em Antonina, dia 7, aqueceu (mesmo com um apagão involuntário no sistema de iluminação) não só os antoninenses mas também os cerca de mil estudantes inscritos nas oficinas e mais outros tantos que desceram a serra para curtir um pouquinho da animação dos que se encontram em julho há onze anos durante o festival.
Muita gente na rua, nas praças, nas barracas de comidas típicas, nos alojamentos e hotéis. Assim estava a cidade histórica que convive com o descaso da preservação arquitetônica e ironicamente coloca suas inúmeras ruínas como uma das principais atrações turísticas.
Mas voltando ao festival, a organização esteve impecável, com os palestrantes e professores sendo recebidos pela coordenadora do festival, professora Dulce Osinsky, os alunos acomodando-se nos alojamentos em escolas bem estruturadas e os monitores, identificados em camisetas verdes, não deixando ninguém perdido.
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Entre os mais saudados e simpáticos ministrantes, estava o percussionista mineiro Santonne Lobato do grupo Tambolelê, de Belo Horizonte. A oficina ministrada por ele, foi a que primeiro preencheu as vagas e a que mais pedidos tem para ampliação do número de alunos.
"Avalio a grande procura pela percussão, talvez pela carência do Sul do País em conhecimento dos tambores afro-mineiros e mineiros. Este é o quarto ano que venho ao Paraná e o terceiro em Antonina. Nos dois primeiros, acompanhei o doutor em rítmo e dança pela Universidade de Campinas Evandro Passos. Em 2000 tivemos de abrir uma oficina paralela de tanta gente interessada. Foi super legal porque a organização nos apoiou totalmente mesmo numa oficina de câmbio negro. E pelo jeito vamos ter de montar outra, este ano", conta para alívio da galera que não o larga.
O sucesso do grupo Tambolelê deve-se também ao fato de ter conquistado o terceiro lugar no Festival de MPB da Rede Globo, com a canção "Tempo das Águas", numa concorrência com mais de 25 mil candidatos de todo País.
Nas oficinas, Santonne usa instrumentos convencionais e não-convencionais fabricados por ele mesmo. que também é luthier. "Vim para Antonina com a idéia de montar um espetáculo em uma das ruínas da cidade. Vamos agregar outras disciplinas, tirar o festival do centro e chamar a atenção para a preservação histórica", adianta.
Na sexta-feira, 13, o Tambolelê faz um show, em Antonina, com músicas do primeiro CD profissional do grupo com título homônimo. "A sexta-feira, 13, é uma data especial para nós que nos consideramos uma reencarnação dos três Reis Magos, dos Três Patetas, dos Três Mosqueteiros, dos três sobrinhos do Pato Donald...", com coincidências, ou não, para os nomes dos componentes do grupo: Santonne Lobato, Geovani Sassá e Sérgio Pererê, todos com a letra s, que tocam tambores grave, médio e agudo.
O grupo Tambolelê existe há seis anos, mas antes disso os três percussionistas trabalhavam como educadores sociais, no bairro do Aterro Sanitário, onde nasceram, em Belo Horizonte. Hoje, morando no mesmo local, criaram e administram a Associação Cultural Bloco Oficina Tambolelê, que também trabalha com meninos de rua da favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Para reverter a situação da marginalidade precoce, os músicos ministram oficinas de capoeira, musicalização, canto e percussão.