O projeto Geração Pedreira, lançado oficialmente no último dia 27 com um grande show na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, começa a dar os primeiros frutos. Acaba de entrar no ar, através da Rádio Rock 96, os primeiros boletins gratuitos que divulgam o trabalho de músicos, escritores, poetas, pintores, dançarinos, fotógrafos e atores paranaenses que já se inscreveram no projeto.
Aberto aos artistas de todo o Estado, o Geração Pedreira prevê não apenas a realização de shows de rock, como imaginaram alguns artistas a princípio, mas é extensivo a todas as vertentes culturais.
O projeto pretende ser um canal de comunicação entre a comunidade artística e a iniciativa privada, auxiliando os produtores na divulgação, promoção e viabilização de seus projetos.
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Na prática, através do site www.geracaopedreira.com.br ou do endereço Rua Hugo Simas, 2540, fone 41-3026-7625, qualquer artista pode se inscrever. "Será um trabalho de garimpo", define o idealizador do projeto, Hélio Pimentel. Cada caso será analisado e orientado individualmente. "Já estamos lutando para conseguir alguns patrocínios", afirma.
Após o lançamento da mídia diária, outra ação concreta do projeto será um festival de bandas paranaenses, que acontecerá nos próximos meses em Curitiba. Os shows serão posteriormente transformados em coletâneas de discos, lançados pelo selo Antídoto. A mídia gratuita garantirá aos artistas já cadastrados no projeto a participação diária em 300 comerciais por mês, 300 boletins, 100 chamadas institucionais e mais 180 músicas com o selo do projeto.
Pimentel resume o Geração Pedreira como um projeto de tentará tornar a cena cultural local sustentável. "Estamos cheios de boa vontade", garante. O projeto é uma parceria do Canal de Negócios, do Canal de Eventos e da Rede Rock.
A informação extra-oficial que circula pelo meio artístico do Estado, de que os cofres públicos teriam financiado R$ 1,4 milhão para o projeto, não é confirmado pelo governo do Paraná. Através da Secretaria da Cultura, garantiu-se que nenhuma verba pública foi repassada.
A secretária Mônica Rischbieter diz que o governo ajudou apenas a formatar conceitualmente o projeto. "Não há apoio financeiro, não temos recursos para nada", afirma. Ela disse ainda que, caso tivesse acontecido o repasse de verbas estaduais para o projeto, este teria que ter sido feito através de sua pasta. "E daqui não saiu dinheiro algum."
Ainda segundo a secretária, uma das contribuições que o governo deu ao projeto foi a intermediação junto à Fundação Cultural de Curitiba para baixar o preço do aluguel da Pedreira Paulo Leminski no megashow de lançamento do Geração Pedreira, que acabou ficando em R$ 4 mil.
O fato da solenidade de lançamento ter acontecido em cerimônia no Palácio Iguaçu (no dia 17/5), também foi explicado pela secretária. "Aconteceu lá porque o governador tem muita simpatia por este projeto", resume.
O idealizador do Geração Pedreira, que também é diretor da Rádio Rock 96, disse que toda a festa de lançamento, bem como o megashow na Pedreira, foi bancado por ele, através de permutas de comerciais da rádio com a iniciativa privada.
Praticamente todas as bandas se apresentaram de graça na Pedreira. Segundo Pimentel, nem as atrações nacionais, como Fernanda Abreu e O Rappa, tiveram lucro financeiro com o show. Pimentel explica ainda que a festa na Pedreira resultou em prejuízo, já que custou cerca de R$ 100 mil e a bilheteria arrecadou aproximadamente R$ 60 mil.
"Portanto, esses rumores de que recebemos verbas do governo são completamente infundados, pois estamos numa batalha muito grande", comenta. "Sei que está havendo muita ciumeira de produtores que nunca fizeram absolutamente nada pela cultura local", ataca.
Simpático ao projeto, o guitarrista da banda Black Maria, Gabriel Teixeira, diz achar extremamente importante que toda a cena cultural apoie projetos como este. "Nós estamos sem pai nem mãe na área artística local, por isso devemos apoiar quem está fazendo algo pela música paranaense".
Ele esclarece ainda que a banda Black Maria abriu mão do cachê no show da Pedreira conscientemente. "Ninguém foi enganado, tocamos em troca da divulgação e promoção." Apesar disto, Gabriel disse que acharia justo que tivesse havido um cachê para as bandas curitibanas.
O guitarrista e vocalista da banda Os Catalépticos, Vlad Urban, confirma que as bandas sabiam com antecedência que não teriam cachês. O grupo está prestes a lançar seu segundo CD, "Zombification", pela Barulho Records, o que motivou os músicos a participarem do show, em troca da divulgação.
Vlad diz que ainda não sabe exatamente como funcionará e será administrado o Geração Pedreira e confessa ser um pouco cético em relação ao projeto. "Muita gente já prometeu ajudar às bandas locais", comenta. "Apesar disto, espero realmente que dê certo", finaliza o músico.