Quinta-feira, 15 horas. Este é o prazo dado pelos índios da reserva Barão de Antonina, em São Jerônimo da Serra (78 km ao sul de Cornélio Procópio), para que a Copel apresente uma proposta de renegociação da indenização pelo uso de suas terras.
Para chamar a atenção para o problema, os caingangues ameaçam queimar três das 14 torres de transmissão de energia elétrica que se encontram dentro da reserva.
Desde segunda-feira, dezenas de índios, inclusive crianças, empilham toras de eucalipto nas bases das estruturas das torres e prometem atear fogo e derrubá-las se representantes da companhia de energia não se manifestarem.
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''Vamos erguer fogueiras de até cinco metros de altura. Caso a Copel não venha conversar com a gente, estas três torres virão abaixo'', ameaçou o representante da tribo, Luiz Gino.
Nesta terça-feira, cerca de 50 índios discutiram o problema com o administrador executivo regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), José Gonçalves dos Santos.
Ele informou que será necessária a formação de um grupo de trabalho que fará um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
''Só assim saberemos se houve prejuízo para a aldeia e o valor da nova indenização'', explicou Santos.
O administrador da Funai tentaria marcar uma reunião para a manhã desta quinta-feira com representantes da Funai, Procuradoria Geral da República e Copel para discutir o problema.
De acordo com Santos, dois representantes da aldeia participarão do grupo de trabalho.
Segundo os índios, a situação ficou mais tensa após funcionários da Copel terem cortado a energia de algumas famílias por falta de pagamento.
Ao longo dos 1.555 alqueires delimitados da reserva estão 14 torres de transmissão de energia.
A reserva já foi indenizada pela Copel em 1987, quando a empresa obteve permissão da comunidade para construção da linha.
Contudo, os índios argumentam que, na época, o processo não envolveu todos os membros da tribo que hoje cobram nova indenização.
''O valor pago na época (1 milhão e 787 mil cruzados, o equivalente hoje a cerca de R$ 11,9 mil sem juros ou correção monetária) foi muito baixo. Além disso, apenas cinco famílias se beneficiaram da decisão'', justificou Gino.
A reserva Barão de Antonina teve direito a indenização, segundo a Copel, porque a linha de transmissão, com 10,1 mil metros de extensão, restringe o uso da área.
Não é permitido construir ou plantar árvores de alto porte dentro da faixa de segurança de 22 metros.
Nesta terça-feira, através da assessoria de imprensa, a Copel se manifestou aberta ao diólogo e disposta a receber uma comissão em Curitiba para tratar do assunto.
A assessoria disse ainda que a Copel ''acredita no senso de responsabilidade da comunidade indígena e que eles não vão partir para radicalização, antes mesmo de uma primeira reunião''.
A assessoria informou que um possível incêndio poderia causar o desligamento da linha e transtorno para usuários da região, mas que este é ''um cenário que a Copel não considera''.