Na segunda-feira (17), o Portal Bonde informou o fechamento da Santa Casa de Misericórdia de Uraí. Uma suposta briga política entre o atual prefeito, Sérgio Henrique Pitão, e o vice-prefeito eleito em outubro, Luiz Marcelo Cazella Correia, provedor do hospital teria comprometido o funcionamento do hospital, que fechou as portas ao público, que tem que lidar com o improviso.
A administração da Irmandade Santa Casa de Misericórdia, que estava há dois anos sob intervenção do Município, foi devolvida para a irmandade, que alega não ter recursos para gerir a instituição e por isso decidiu fechar as portas do único hospital da cidade.
Desde segunda-feira, os pacientes que procuram atendimento na Santa Casa de Uraí encontram as portas fechadas e uma faixa logo na entrada informa que o pronto-socorro foi fechado por falta de repasse financeiro da prefeitura.
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A população é orientada a recorrer ao Centro de Saúde Uzires Portugal, um posto de saúde localizado no centro da cidade e que a prefeitura promete fazer funcionar 24 horas enquanto a Santa Casa estiver fechada, mas que ainda segue atendendo apenas 12 horas.
"Esse posto de saúde não tem estrutura adequada para atender os casos mais graves. Aqui é só mesmo para consultas rápidas. Aqui é praticamente uma triagem", disse o eletricista Benedito Carvalho, que esteve nesta terça-feira (18) no local acompanhando o filho que precisava fazer inalação.
"Estou passando mal. Fui no posto de saúde e me falaram para eu procurar a clínica (da Mulher). Está difícil desse jeito", reclamou a aposentada Zilda Ana da Silva.
A Clínica da Mulher recebe os pacientes que não precisam de internamento, mas necessitam ser medicados. Mas mesmo na unidade, não há estrutura para atender os casos de urgência e emergência.
"Se chegar um caso mais grave aqui, como um princípio de infarto, eu vou chamar o Samu porque não temos quem atenda esse tipo de ocorrência", disse Irene Bueno, uma das três técnicas de enfermagem do Centro de Saúde.
"Na segunda-feira, recebemos uma paciente com pressão alta. Fizemos o primeiro atendimento aqui, mas ela tinha de ser encaminhada à Clínica da Mulher. A farmacêutica utilizou o próprio carro para levá-la e eu fui acompanhando. Pedimos a Deus que não apareça mais nenhum caso assim", reforçou Irene.
Nesta terça, quando Irene chegou para trabalhar, contou ela, a sala onde funcionava a triagem havia sido transformada em pronto-socorro, mas a nova estrutura se resumia a um leito e uma luminária.
"Mandaram todo o nosso equipamento de triagem para a Clínica da Mulher e disseram que aqui iria funcionar o pronto-socorro, mas não tem um carrinho de urgência com medicamentos, não tem desfibrilador, não tem nem um equipamento para correr o soro. Ainda falta muita coisa. Ficamos sem entender", disse a técnica de enfermagem. "Aqui a gente continua fazendo o que fazia antes: vacina, curativo e inalação."
O Ministério Público (MP) de Uraí instaurou um procedimento administrativo para apurar os fatos que culminaram com o fechamento da Santa Casa. Ao município, o promotor José Roberto Manchini solicitou informações sobre o plano de assistência à saúde que a prefeitura irá adotar para suprir a falta de atendimento decorrente do fechamento do hospital. À Santa Casa, a promotoria pediu um detalhamento dos caminhos que os responsáveis hospital irão tomar para resolver a situação.
Os ofícios foram encaminhados na segunda-feira e a prefeitura e a instituição de saúde terão cinco dias úteis para responder ao MP. Caso isso não aconteça, o promotor então poderá instaurar um processo judicial. "Eu estou acompanhando porque o atendimento na saúde no município tem que ser prestado. Se isso for feito dentro ou fora da Santa Casa, para mim tudo bem. A Justiça não pode intervir. O prefeito sabe que tem que dar atendimento ao povo, tem que ter estrutura. Se não fizer por bem, vai ser por via judicial."
Com informações da repórter Simoni Saris da Folha de Londrina