Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade

Polícia reprime bloqueio na Ponte da Amizade

Andréa Lombardo - Folha do Paraná
13 set 2001 às 08:59

Compartilhar notícia

Soldados avançam em direção aos manifestantes usando balas de borracha e bomba de gás lacrimogêneo - Fabrício Azambuja - Folha do Paraná
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade
Policiais transformaram Ciudad del Este em praça de guerra, ontem, durante operação para liberar o tráfego na Ponte da Amizade (ligação do Brasil com Paraguai). Cerca de 450 soldados usaram balas de borracha, golpes de cassetete, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água para dispersar quase mil paraguaios. Pelo menos 29 pessoas ficaram feridas (uma pisoteada pela tropa antimotim e quatro com ferimentos à bala) e dez presas.
A ação policial foi revidada com pedras, tijolos, paus, garrafas de vidro e barras de ferro. O arrastão para desocupação da aduana avançou para avenidas, ruas e becos da cidade vizinha de Foz do Iguaçu. Soldados empurraram os manifestantes para os bairros, mas os focos de resistência continuaram na periferia. Parados em esquinas e trevos, policiais atiravam em direção aos participantes do protesto que respondiam com pedras.
Barricadas com pneus queimados e destroços de barracas foram montadas na tentativa de conter o avanço da tropa, mas um caminhão com jato d’água limpava a pista. Lixeiras foram queimadas. Uma nuvem de fumaça e de gás lacrimogêneo cobriu os prédios. Um helicóptero das Forças Armadas sobrevoou a cidade identificando os focos de resistência.
O confronto ocorreu depois de várias tentativas de negociação entre coordenadores da manifestação, vereadores, o bispo Iguacio Gorgoza e o comandante da Polícia Nacional no departamento (Estado) de Alto Paraná, Isacio Aguilar. A ponte está fechada há três dias (ver texto ao lado).
Sem uma solução, o efetivo cumpriu a ordem judicial do promotor Manoel Rojas Rodrigues, substituto do juiz de Alto Paraná. A Polícia Nacional, o Agrupamento Especializado e a Força de Operações Especiais (Fope) foram autorizados a prender pessoas, apreender veículos e objetos que ferissem "o direito de ir e vir dos cidadãos paraguaios".
Depois do meio-dia, as tropas ameaçaram avançar para disperar a multidão. A resistência continuou. Seis manifestantes deitaram no chão em frente ao policiais, os demais paraguaios executaram o Hino Nacional do País e rezaram. Crianças foram colocadas diante do cinturão policial. Na iminência do embate, os paraguaios gritavam que estavam prontos para "vencer ou morrer".
O confronto começou às 14h30 com a chegada dos últimos 230 soldados convocados de Assunção. Policiais armados com escopetas e revólveres e homens da Marinha com fuzis cumpriram a ordem judicial.
Logo em seguida, quatro ambulâncias percorreram o centro recolhendo os feridos, entre eles cinco policiais e um brasileiro. O repórter fotográfico Robson Meireles foi atingido por pedras e ferido na nuca. "Começou a chover pedra, daí eu um pulei em direção a um muro para não levar mais pedrada", narrou Meireles. As pessoas que assistiam ao confronto das janelas dos edíficios pediam o fim da violência.
Três ônibus da linha internacional Foz a Ciudad del Este e um caminhão, usados nos bloqueio, foram apreendidos e dezenas de táxis tiveram os vidros destruídos. Entre os presos, estava o vice-presidente da Câmara Municipal de Ciudad del Este, Eugênio Alejandrino Garay.
A situação no local foi controlada após quatro horas de tumulto (das 14h30 às 18h30). Depois de evacuar o centro, os policiais isolaram a aduana. Apesar do fim do bloqueio, a passagem de veículos na Ponte da Amizade continuava proibida até as 20 horas para garantir a segurança dos motoristas, que poderiam ser atingidos com pedras. Hoje, deve acontecer nova reunião entre autoridades da fronteira. A Ponte da Amizade abriu na manhã de hoje apenas para passagem de pedestres.
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo