O deputado estadual Tadeu Veneri comentou sobre a situação caótica nas delegacias do Paraná. O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Paraná argumentou que o problema não é resolvido, pois "preso é um negócio que dá muito dinheiro".
Veneri comentou sobre as licitações, principalmente para compra de comida. "O cardápio que as empresas vendem parece que o preso está em um hotel de luxo. Mas vai ver o que eles entregam. É comida estragada, da pior qualidade".
Para Veneri, a violência nas delegacias virou caso comum. "A violência é institucionalizada, é feita pelos próprios agentes públicos. Nada acontece com os autores".
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A postura da população, de acordo com o deputado, também contribui para que casos de tortura sejam tolerados. "A população acaba legitimando a ação violenta policial. Quando acontece na periferia, com uma pessoa distante, é aceitável. Mas a figura muda de lado quando acontece com alguém próximo, com pessoas de classe média. A abordagem na periferia é diferente da que ocorre nos bairros mais ricos".
O presidente da comissão destacou que os presos são jogados à própria sorte nas carceragens. "Não há uma distinção de crimes. Uma pessoa que cometeu um delito menor é colocado junto com alguém condenado por ações mais violenta. Isso acaba nivelando todos. A pessoa acaba saindo pior do que entrou, não há reinserção social".
O problema da alta concentração de presos em pequenos espaços, segundo ele, fez com o Estado perdesse o controle das cadeias do Paraná. "As prisões são comandas pelas facções criminosas. O preso tem que se submeter aos líderes para ter uma condição de segurança razoável nas celas".
A entrevista com o deputado foi feita antes da publicação de reportagem do jornal O Estado de São Paulo. Segundo o Estadão, um levantamento completo feito pelo Ministério Público de São Paulo indicou que o Paraná é o 2º estado que mais concentra presos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Para Tadeu Veneri, o governo estadual precisa chamar a responsabilidade e acabar com a "violência institucionalizada". Veneri disse ainda que não adianta o investimento ser concentrado na compra de carros e armamentos. É necessário, conforme ele, investir na contratação de mais policiais e também na construção de mais unidades prisionais para distribuição dos presos.
"Direito dos manos"
Em tom de descontração, o deputado fez uma observação sobre o trabalho da Comissão de Direitos Humanos. Ele lembrou que muitos tratam a comissão como de "direito dos manos".
Veneri disse que as famílias das vítimas e dos policiais também são visitadas. No entanto, os principais esforços são com os parentes de presos. "Essas pessoas já são marginalizadas, estão desde sempre à margem da sociedade. São pessoas esquecidas pelo Estado e que não recebem nenhum tipo de atendimento".