Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Problema urbano

Trânsito no Paraná: sobram carros, falta espaço

Loriane Comeli - Redação Bonde
21 jun 2009 às 14:01
Nos dias de chuva, mais pessoas tiram o carro da garagem porque se sentem mais confortáveis do que nos ônibus - Folha de Londrina/Arquivo
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Os dez maiores municípios do Paraná concentram 42% da população do estado e 49,74% da frota de veículos, conforme demonstram dados do Departamento de Trânsito (Detran).

Entre maio de 2007 e maio de 2009, o Paraná registrou crescimento de 18,34% na frota de veículos, sendo que a taxa nas 10 maiores cidades foi de 15,5%; os outros 389 municípios menores acumularam crescimento maior: 21,29%. Colombo, na região metropolitana de Curitiba, registrou aumento de 27,83 de veículos. Em Londrina, a taxa foi de 14,16.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


O Paraná tem 10,5 milhões de habitantes e 4,4 milhões de carros, segundo a estimativa 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que perfaz uma proporção de um veículo para cada 2,34 moradores.

Leia mais:

Imagem de destaque
Memória cultural

Em Jacarezinho, escolas rurais são tema de exposição da UENP

Imagem de destaque
Em Alto Paraíso

Trecho da BR-487, na divisa do PR com MS, será interditado para obras nesta sexta

Imagem de destaque
948 casos no Paraná

Imunossuprimidos: conheça sintomas, cuidados e saiba quem faz parte deste grupo

Imagem de destaque
Mestres e doutores

UTFPR abre vagas para professores em três cidades no Paraná


A cidade com maior proporção de automóveis é Maringá, com um carro para cada 1,57 habitante, seguida por Curitiba, que tem média de 1,63. Londrina é a terceira cidade com a maior taxa: um veículo para cada 1,96 morador.

Publicidade


Juntas as dez maiores cidades têm proporção de um carro para cada 1,97 habitante; os outros 389 municípios do Paraná, que respondem por 50,25% da frota e 58% da população, têm a modesta proporção de um carro para cada 2,7 habitantes.


Este número acentuado e crescente de veículos, somado à falta de educação no trânsito, é a principal causa de um problema urbano de difícil solução: a falta de trafegabilidade nas ruas de maior concentração de pessoas. Responsáveis pelos departamentos de trânsito dessas cidades falaram ao Bonde sobre as consequências do aumento da frota.

Publicidade


Na capital, que acumula a maior frota do estado – 1.116.018 veículos – o município começou a tomar medidas com vistas a dar maior fluidez ao trânsito, principalmente nos horários de pico. A diretora de trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, explicou que entre as medidas de curto prazo está a proibição de estacionamento em diversas ruas. Em alguns casos, a proibição vigora o dia todo; em outros, apenas nos horários de pico; em algumas vias, o lado esquerdo e direito são interditados; e em outras, apenas o lado direito, conforme a necessidade. As conversões à esquerda também foram proibidas em diversas avenidas.


"Assim, ganhamos uma ou duas faixas a mais para o tráfego; quem não respeita a proibição terá o carro guinchado", disse Rosângela.Também está em execução projeto de pintura das faixas de pedestre e instalação de semáforos inteligentes, que se regulam automaticamente conforme o fluxo de veículos.

Publicidade


A longo prazo, o município espera construir a primeira linha de metrô da capital, projeto vislumbrado para ficar pronto até 2014, ano da Copa do Mundo, já que Curitiba será uma das sedes. "Enquanto isso, agimos pensando no coletivo, tentando tornar o transporte em ônibus cada vez mais eficaz", disse a diretora.


Segundo Rosângela, não há como pensar no caso do transporte particular numa cidade onde a frota só faz crescer. "Não queremos tirar o sonho de ninguém de ter seu automóvel, mas as pessoas têm que saber que terão problemas quando comprarem um", afirmou, acrescentando que diariamente vai ao trabalho de ônibus. "Demoro 20 minutos para percorrer os três quilômetros de minha casa até o trabalho; de carro, no horário de pico, o tempo é entre 30 e 35 minutos".

Publicidade


Quem também comentou sobre o "sonho de liberdade" conquistado com o veículo próprio foi Jorge Lange, secretário de transporte e mobilidade urbana de Cascavel, cidade no oeste paranaense que tem um carro para cada um de seus 285 mil habitantes. "Muitas vezes, a pessoa vê seu sonho de liberdade transformado no pesadelo da falta de vagas para estacionar, dos congestionamentos, da lentidão no trânsito".


Lange destacou como um dos principais problemas da cidade os acidentes envolvendo motocicletas e lembrou que em 2002 a frota de motos era de 9 mil veículos. Este ano, são 30 mil motocicletas registradas em Cascavel. "A facilidade para adquirir um veículo aumentou muito, mas as cidades, as ruas, não crescem na mesma proporção", comparou.

Publicidade


Para ele, a solução será investir na melhoria do sistema viário, na eficiência do transporte coletivo e nas alternativas ambientalmente corretas, como a bicicleta e a caminhada. "Hoje todas as cidade médio e grande porte estão entupidas de veículos. Precisamos dar condições para que as pessoas possam fazer seus principais deslocamentos em bicicletas ou mesmo a pé", afirmou em entrevista concedida de Sorocaba, onde participava de um seminário nacional sobre transporte em ciclovias.


Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, os 123 mil veículos causam problemas típicos das metrópoles, como os demorados congestionamentos, falta de vagas para estacionar e acidentes. "Além disso, somos uma cidade universitária e temos uma frota flutuante de veículos que colabora muito para os problemas", disse o diretor da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte de Ponta Grossa, coronel Edimir José de Paula.

Publicidade


"Sendo otimista, creio que em cinco anos as cidades com mais de 300 mil habitantes enfrentaram um caos difícil de ser solucionado, se nada for feito", prognosticou. "Aqui estamos tentando conscientizar os motoristas a deixarem os veículos em casa e investindo em melhoria do transporte coletivo e no planejamento urbano".


Em Foz do Iguaçu, outro pólo no oeste paranaense, a frota flutuante de veículos também acentua os problemas. Lá, há muitos carros da Argentina e Paraguai trafegando. "Essa frota flutuante é de cerca de 20 mil veículos", calcula Ali Hussein Safadi, diretor de trânsito de Foz. Segundo ele, a facilidade para adquirir veículos próprios fez com que pessoas deixassem de utilizar o transporte coletivo, colocando mais carros nas ruas. "Quem anda de moto hoje, antes andava de ônibus".


Para Safadi, as grandes cidades terão de adotar medidas mais drásticas diante do crescimento da frota, sob pena de trânsitos cada vez mais caóticos. "Pedágio urbano é uma realidade cada vez mais presente nos grandes centros do mundo. Isso desestimula as pessoas a andarem de carro".


"Tem algo errado com o transporte coletivo", diz especialista


Um estímulo para deixar o carro em casa, na avaliação do professor de Engenharia de Tráfego da Universidade Federal do Paraná, Pedro Akishino, seria o poder público realmente oferecer um transporte coletivo eficiente. Para entender o problema, ele explica que há duas formas de melhorar a trafegabilidade: uma é aumentando a capacidade das ruas e a outra é tirando veículos de circulação dos locais de maior concentração.


A primeira é mais onerosa, pois consiste no investimento em infraestrutura de tráfego, como a duplicação e transposição de vias. A retirada de veículos das ruas pode ser mais barata, mas precisa de investimentos e conscientização.


"Algumas ruas são as mais demandadas. Ainda há espaço para todos os veículos, mas eles pretendem utilizar sempre o mesmo espaço", explicou o professor, que é mestre em planejamento de trânsito. "É preciso uma distribuição mais adequada, levando o tráfego para as ruas de menor movimento".


Ao lado disso, é preciso reduzir o transporte individual e fazer com aumente o transporte de massa. "Hoje, a taxa de ocupação é de 1,5 pessoas por veículos; em um ônibus cabem 40 pessoas", ilustrou.


No entanto, para o professor não adianta apenas investir no transporte coletivo se ele não for eficiente. "Há muitos custos que as pessoas consideram quando optam por tirar o carro da garagem ao invés de utilizar o transporte coletivo". Entre eles, Akishino citou os elevados custos da passagem. "Se você faz um trajeto de menos de 7 quilômetros, vai gastar menos de R$ 2 para se deslocar, que é o mesmo preço da passagem e, normalmente, acaba chegando mais rápido".


Custos subjetivos também devem ser levados em conta. Quando chove, por exemplo, quem costumeiramente anda de ônibus prefere usar o carro. "Por que isso ocorre? Porque de carro a pessoa consegue evitar se molhar; num ônibus lotado não dá nem para levar um guarda-chuva", explicou. "Diante de tudo isso, a gente percebe que tem alguma coisa errada com o transporte coletivo".


O professor disse que Tókio é cidade em que as pessoas mais utilizam ônibus no mundo. "Lá vocês sabe, por exemplo, que em 23 minutos estará no seu destino. Aqui a gente consegue não consegue fracionar os minutos", questionou.


Redação Bonde
Redação Bonde - Fonte: IBGE - estimativa 2007 e 2008
Fonte: IBGE - estimativa 2007 e 2008

Redação Bonde
Redação Bonde - Fonte: Detran/PR e IBGE
Fonte: Detran/PR e IBGE


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade