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Parque Estadual

Vila Velha teve cerca de 70 focos de incêndio em 2011

Agência Estadual de Notícias
20 dez 2011 às 14:13

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Pesquisas feitas por professores e alunos da Universidade Federal do Paraná e da Universidade Positivo mostram que os incêndios que têm ocorrido com frequência no Parque Estadual de Vila Velha, região central do Estado, podem não ser tão prejudiciais ao meio ambiente quanto se imagina. O fogo pode contribuir para a renovação do ecossistema local e para o controle das espécies exóticas, dependendo do tipo de vegetação.

Segundo as pesquisas, esse é o caso dos Campos Gerais, onde a vegetação típica (cerrado) facilita a propagação do fogo. Para o secretário executivo do Conselho Estadual de Meio Ambiente, João Batista Campos, que é um dos criadores do programa de erradicação de espécies exóticas no Paraná, o fogo pode ser positivo em algumas situações específicas porque renova a flora nativa e elimina as espécies exóticas invasoras. "Existem ecossistemas que necessitam do fogo para se desenvolver e se estabelecer. Em locais muito degradados, como em algumas áreas do parque, o fogo pode ser um instrumento importante para a eliminação das espécies ruderais (típicas da agricultura) e exóticas invasoras, favorecendo as espécies nativas", disse.

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Outra característica particular de Vila Velha está relacionada à sua história. Nos 3803 hectares que compõem o parque existem áreas que foram usadas para diferentes finalidades antes de serem integradas à Unidade de Conservação. Existe, por exemplo, um trecho que no passado foi uma fazenda experimental do Instituto Agronômico do Paraná. Ali o solo foi corrigido, calcariado e adubado para permitir pesquisas agrícolas.

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Após a integração da área ao parque, o local foi "abandonado" para que a vegetação fosse recomposta. Porém, a ocorrência de espécies exóticas ruderais (típicas da agricultura) e invasoras é muito maior do que de espécies nativas naquela área. Isso acontece porque a nova característica do solo favorece mais essas espécies do que as típicas da região. "Com o fogo, o solo é acidificado e volta a se tornar propício para que as espécies nativas se desenvolvam naquela região. Por isso, em alguns lugares o fogo é importante e pode contribuir para o processo de recuperação do ambiente natural", afirma Campos.

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MÉTODOS – A coordenadora do projeto de erradicação de espécies exóticas do IAP, Odete Carpanezzi, diz que o manejo por fogo, associado a outros métodos, pode ser muito eficiente. "Quando você trabalha com espécies exóticas como gramíneas e braquiaria, que têm um banco de sementes muito grande que permanece no solo por muitos anos, o manejo por fogo se torna uma ferramenta muito interessante. Sempre associado com outros métodos de erradicação", afirma.


Para o diretor de biodiversidade e áreas protegidas do IAP, Guilherme Vasconcellos, as pesquisas são importantes para indicar as melhores maneiras de lidar com o fogo, proveniente de causa natural ou não. "O parque de Vila Velha, assim como outras unidades de conservação do Estado, é objeto de muitos estudos acadêmicos que orientam e ensinam os funcionários do IAP. Por isso é importante que essas pesquisas continuem sendo feitas para nos orientar sobre a melhor maneira de preservar a flora nativa. Em meio ambiente nada é absoluto", diz.

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O presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto, diz que apesar de as pesquisas mostrarem que o fogo auxilia na renovação da vegetação, é preciso que ele seja usado de forma controlada. "O manejo por fogo é um projeto interessante e que pode ajudar muito o parque, no importante trabalho de erradicação de espécies exóticas invasoras. O que acontece atualmente no parque são focos de incêndio que independem da nossa vontade ou de um projeto de manejo controlado", afirma.


INCÊNDIOS – Em 2011 o Parque Estadual de Vila Velha teve cerca de 70 focos de incêndio, chegando a 10 em uma única noite. O número ultrapassa a soma dos focos registrados nos últimos cinco anos (entre 2006 a 2010), que foi de 26. Ao todo foram 600 hectares queimados por combustão natural ou antrópica (com a ação do homem).


Existem evidências de que a grande maioria desses incêndios é criminosa e a Polícia Ambiental investiga caso a caso para encontrar os culpados. De acordo com o Código Florestal e o Decreto Federal nº 6514, por fogo em florestas é considerado crime ambiental. As penas previstas podem variar de pagamento de multa de R$ 1 mil por hectare de mata queimada à detenção de dois a quatro anos. No caso de Unidades de Conservação o crime pode ser agravado. O fogo controlado é permitido desde que com a autorização do órgão ambiental competente.

Para controlar e apagar os incêndios, o parque conta com o "Plano de Prevenção e Combate ao Fogo", que envolve oito funcionários do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros e da iniciativa privada, treinados pelos bombeiros. "O parque é um dos mais bem equipados do Estado para o combate ao fogo, por conta do seu histórico de incêndios. É um ambiente com baixa capacidade de reter água e alta evaporação, e por isso com uma vegetação seca, mais propícia a pegar fogo", explica a gerente do parque, Ângela Dalcomune.


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