Policiais civis da Delegacia de Homicídios de Curitiba prenderam, na última semana, Igor Amaral dos Santos, 20 anos, que resolvia seus problemas "na bala" e é acusado por dois homicídios e de uma tentativa de homicídio, todos no bairro Novo Mundo, onde ele residia e foi preso. Segundo o delegado Danilo Zarlenga, responsável pelas investigações, Santos tinha contra si dois mandados de prisão, por crimes ocorridos em 2011 e em setembro de 2013.
Em 4 de dezembro de 2011, há exatos dois anos, ele matou a tiros Pedro Luiz Caes, 44 anos, dono de uma barraquinha de espetinhos e baleou Débora Azevedo Assumpção, 20 anos, que sobreviveu. O crime aconteceu na Rua Kurt Walter Hasper, no Novo Mundo. "Um dia antes, vítima e autor tinham tido um desentendimento na barraca de espetinhos. No dia seguinte, Santos, acompanhado de dois homens armados, voltou num Gol cobrar a desavença do dia anterior. Ele acertou o dono da barrraca de espetinhos e um dos disparos acidentalmente acertou a moça, que estava dentro de casa e não tinha nenhuma relação com a discussão dos dois", contou o delegado.
O segundo homicídio aconteceu em 20 de setembro último, na Rua Luiz Losso Filho, também no Novo Mundo. A vítima, Alex Gonçalves Honório, 31 anos, tinha ido com amigos até uma distribuidora de bebidas comprar cervejas para depois assistir a um Atletiba. Na volta, ele viu o carro de Santos vindo no sentido contrário e foi ao encontro dele cumprimentá-lo. Todavia, foi surpreendido por seis disparos. "Antes de morrer ele chegou a gritar: Por que ele fez isso comigo?", contou o delegado.
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Segundo Zarlenga, aparentemente não havia motivo algum para o crime, mas há suspeitas de que como o autor tem envolvimento com o tráfico de drogas, haja algo neste sentido.
Resposta:
O advogado de Igor Amaral dos Santos, Nelmon J. Silva Jr., enviou nota à reportagem com a versão de seu cliente sobre o caso. Segue:
"Disse o delegado de polícia da delegacia de homicídios haver efetuado a prisão de Igor Amaral dos
Santos, em virtude do cometimento de dois homicídios, no bairro Novo Mundo, em Curitiba. O
primeiro homicídio imputado a Igor foi cometido em 04.12.2011, ou seja, há exatos dois anos, e que
agora, convenientemente, foi solucionado pela polícia.
Vejamos algumas contradições nas declarações dadas pelo delegado. Questionamos: se havia
mandado de prisão contra Igor pelo homicídio cometido em 2011, por que a polícia só foi prendê-lo
agora, após praticar outro homicídio? Como afirmado pelo delegado, Igor morava e agia no bairro
do Novo mundo, portanto seria facilmente localizado. Agindo dessa forma a polícia contribuiu (por
negligência) para a prática do segundo homicídio imputado a Igor?
Pior foi a versão apresentada pela autoridade policial ao relatar o segundo homicídio, quando afirma
que a vítima após receber seis tiros e arma de fogo, teve o vigor para gritar: "por que ele fez isso
comigo?", fato este que só podemos crer ocorrer nos filmes do gênero.
Julgo conveniente a polícia ter sonegado as seguintes informações: que não encontrou qualquer
arma de fogo na residência de Igor; ou que a colheita das provas deram-se sem a presença de
advogado, o que é proibido em nossa Constituição; ou ainda, que apenas existem meras alegações
de uma ou outra testemunha.
Derradeiramente, caso aceitássemos a hipótese da extrema periculosidade atribuída a Igor,
indagaríamos: por que o Juízo da causa decretou apenas prisão temporária a Igor? Seria, talvez,
outro erro judiciário? Óbvio que não, o Juízo não decretou prisão preventiva a Igor, vez que faltam
provas robustas contra ele. Cremos que não deveria nossa polícia expor pessoas alvos de
investigações, como costumeiramente o faz, pois essa atitude não protege a sociedade, ao contrário
a aterroriza sem justo motivo."