O abuso e a exploração sexual representam 10% dos casos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), o Paraná ocupa o quinto lugar no ranking dos Estados com o maior número de denúncias de abuso e de exploração sexual infanto-juvenil, com 5% de um total não quantificado.
O Paraná está atrás do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Segundo a Ciranda da Criança, uma ONG que atua no setor, a região mais explorada no Paraná é a da Tríplice Fronteira, onde o município de Foz do Iguaçu faz fronteira com o Paraguai e com a Argentina.
A luta contra a exploração e o abuso sexual infanto-juvenil é marcada pela mobilização de toda a sociedade brasileira. Este ano, o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes realiza, em parceria com instituições governamentais e não governamentais, uma grande campanha de incentivo às denúncias, com o slogan ''Esquecer é permitir, lembrar é combater''.
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A campanha no Paraná, que está mobilizando cinco segmentos da sociedade (transporte, turismo, educação, polícia e a mídia) já tem mais de 150 parceiros e deve ser lançada em Foz neste domingo, quando é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Aqueles que aderirem à luta receberão adesivos da campanha.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de crianças e adolescentes, até 19 anos, no Estado é de 3,7 milhões. Em Curitiba, são no total 548.399 crianças e adolescentes. Segundo a Abrapia, de fevereiro de 1997 a janeiro de 2003, a associação registrou 3.328 denúncias de exploração sexual no Brasil. Destas, 69% referem-se à prostituição infantil, 25% ao crime na internet, 3% ao turismo sexual, 2% ao comércio de material pornográfico e 1% ao tráfico com objetivo sexual.
Cerca de 11% das denúncias de exploração sexual têm vínculo familiar e 8,5% destes casos são praticados pela própria mãe. De janeiro de 2002 a janeiro de 2003 a Abrapia registrou 1.556 denúncias de abuso sexual; 58% delas ocorre dentro da família e 23% dos casos o culpado é o pai da criança.
A região Sul do país é a terceira com o maior número de denúncias registradas pela Abrapia, com 12%. Em primeiro lugar está o Sudoeste, com 46% das denúncias e em segundo lugar no ranking está o Nordeste, com 28%. No entanto, segundo Lauro Monteiro, presidente da Abrapia, esta percentagem não revela os verdadeiros índices de cada região, mas os índices de denúncia. ''Tocantins, Rondônia, Amapá e Piauí, por exemplo, que nós sabemos que possuem altos índices de exploração e abuso sexual infanto-juvenil, são os últimos colocados na lista dos dez Estados com o maior índice de denúncias.''