Polícia

Testemunhas falam de personalidade agressiva de guarda acusado de matar três

28 jun 2017 às 12:44

A primeira audiência do processo do guarda civil municipal Ricardo Leandro Felippe, acusado de assassinar amigos e parentes de ex-namoradas, nesta terça-feira (27), teve a confirmação, em juízo, dos depoimentos dados à Polícia Civil. As vítimas relataram o comportamento agressivo e possessivo atribuído ao acusado por ex-namoradas e familiares.

Foram ouvidos nesta terça Rachel Espinosa, ex-namorada de Felippe, sua mãe, sua avó, avô e filho, além de Josiane Amorim, outra ex-namorada, a esposa do guarda civil e o porteiro de um prédio que testemunhou brigas conjugais. A tomada dos depoimentos começou às 14h e só terminou às 21h.


No dia 3 de maio, Felippe foi até o estabelecimento da então namorada, Joseane Amorim, e matou a sócia dela, Anna Regina do Nascimento Ferreira, após uma discussão. Ele então seguiu para a casa de Rachel Espinosa e atirou contra a família. Um filho de 16 anos morreu na hora e o pai, levado para o hospital, não resistiu. Na fuga, ele roubou dois carros e foi preso no dia seguinte, em Maracaí (SP). Ele responde por 12 crimes. A defesa alega insanidade mental.


O acusado, que está detido na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) 1, chegou a ser levado, na terça, para a audiência, mas acabou dispensado devido às animosidades que despertou. "Ele sequer chegou a descer da viatura que o escoltou", conta o advogado de Rachel, Marcelo Carneiro.


O relacionamento com Rachel, entre idas e vindas, durou pouco mais de um ano, entre 2015 e 2016. Neste intervalo, chegaram a alugar um apartamento e morar juntos, mas ela descobriu uma traição e acabou abandonando-o, conta o advogado de defesa, Marcelo Carneiro.


Em seu depoimento, Rachel confirmou o relacionamento conturbado que teve com Felippe. "Ela relatou que era provocado por ciúme excessivo. Ela não podia ter amizde com ninguém ou sair sem a companhia dele. Quando ele estava trabalhando, ela tinha de ficar em casa, mantendo contato por aplicativos de smartphone e, nos plantões dele, ela tinha de ir até o local de trabalho", afirma o advogado. Também relatou as ameaças e agressões físicas, que levaram à concessão de uma medida protetiva que o impedia de aproximar-se dela, desde o início deste ano. "Essa determinação ainda está em vigor", diz.


No caso dos familiares, afirmaram, que não tinham oposição ao relacionamento no início, "porque parecia ser uma pessoa legal", mas, com o passar do tempo, o comportamento agressivo veio à tona. "Ainda assim, eles nunca se envolveram no relacionamento, então, não justifica o que ele fez contra a família", diz o advogado.


Também ouvida, Josiane Amorim contou em depoimento que, durante o relacionamento, chegou a ir a um psiquiatra com Felippe e, ao fim da consulta, questionou ao profissional se o namorado tinha noção do que dizia nos picos de ira. "Ela conta que o psiquitra disse que ele tinha consciência, mas não sabia lidar com adversidades quando era contrariado", relata Carneiro.


O advogado de defesa, Luca de Campos Carrer, disse que alguns dos fatos narrados nos depoimentos de ontem podem corroborar para a linha da defesa de que Felippe tinha problemas psiquiátricos, mas não revelou quais para não prejudicar a estratégia.

O Bonde ainda não conseguiu o contato com o advogado de Josiane Amorim. A próxima audiência, ainda para ouvir testemunhas de acusação, está marcada para 4 de julho. Luca Carrer acredita que Felippe seja ouvido ainda no próximo mês ou início de agosto.


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