O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rebateu nesta quarta-feira, 26, as acusações feitas mais cedo pelo PSDB. Pela manhã, em entrevista coletiva, o partido o acusou de instrumentalizar a Polícia Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para envolver políticos do PSDB em denúncias de corrupção no caso do cartel do metrô em São Paulo.
"Quero lamentar uma tentativa de transformar a investigação em disputa política e eleitoral. Não existe nada que possa mostrar perseguição", afirmou Cardozo, durante entrevista coletiva, ao lado do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o presidente do Cade, Vinícius Carvalho.
O ministro relatou que, em maio, recebeu em sua casa, em São Paulo, o deputado estadual Simão Pedro (PT), que lhe entregou um conjunto de informações que continha as denúncias de envolvimento dos tucanos em uma empresa de consultoria que intermediaria o esquema do cartel. Esse encontro teria ocorrido em um domingo, provavelmente no dia 12 de maio.
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Segundo Cardozo, ele, por dever de ofício, entregou pessoalmente as informações, já no início daquela semana, para o diretor da Polícia Federal examinar. Ele disse que pediu "o máximo de cautela" na análise dos documentos porque "tinha amigos pessoais, pessoas que respeita" citadas e não gostaria de ter riscos de vazamento das informações. Por essa razão, ele disse que preferiu entregar os documentos em mãos para Daiello para que não houvesse vazamento durante a tramitação do ministério para a Polícia Federal.
Ao analisar o material, conforme o ministro, a Polícia Federal relacionou uma outra investigação, aberta desde 2008. Por essa razão, o documento foi anexado no inquérito. O ministro afirmou que não há, até o momento, nenhum indício de pessoas com foro privilegiado envolvidas em irregularidades.
Em resposta ao presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que pediu nesta terça-feira o seu afastamento da chefia da investigação sobre o caso Siemens, o ministro afirmou: "o ministério da Justiça nem coordena nem chefia nenhuma investigação. Quem faz isso é o delegado de polícia".
Com relação ao fato de o documento que entregou a Daiello ser anônimo, o ministro afirmou que há divergências com relação ao entendimento sobre se iniciar investigações a partir de um carta anônima e que ele se sentiu no dever moral de pedir investigação da denúncia.
Cardozo também saiu em defesa do Cade e da PF. "Reputo inaceitável a afirmação de que instituições como o Cade e a PF são instrumentalizadas. É ofensivo. É triste ver órgãos respeitados chamados de aparelhos políticos. Aqueles que acham que denúncias devem ser rasgadas, não sabem que acabou o tempo do engavetador".
Pela manhã, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), afirmou que, por se tratar de um documento apócrifo, o ministro deveria ter chamado os assessores, ter dado risadas e rasgado os papéis.