Com a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda-feira (18) que dificilmente a Casa votará projetos enquanto o Senado decida se aceita a denúncia, o que provocaria o afastamento de Dilma por até 180 dias. Para o peemedebista, o governo "deixou de existir" para os deputados.
"A partir da próxima semana, já temos três medidas provisórias que serão lidas hoje e vão trancar a pauta. Mas a representação do governo na Casa deixou de existir porque deixou de existir, para a Câmara, o governo. Então, passou a ser uma situação difícil e a celeridade do Senado é muito importante", disse Cunha, após entregar o processo para o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Cunha disse que o processo entregue ao Senado é formado por 34 volumes, com 12.040 páginas. Para ele, "é difícil" para a Câmara analisar propostas de interesse do governo depois da decisão de ontem (17).
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"Não acredito que nenhuma matéria relevante na Câmara será apreciada sem que esse processo seja definido no Senado. Porque a Câmara, na medida em que autorizou a instauração do processo que culmina com o afastamento [da presidenta], se o Senado aceitar, significa que a Câmara não reconhece mais o governo. Consequentemente, é muito difícil votar qualquer matéria do próprio governo. Da minha parte, a pauta está lá e cumprirei, mas não acredito que prospere nada de relevante antes do Senado apreciar", disse.
Conselho de Ética
Perguntado se passada a fase de análise do impeachment de Dilma na Câmara as atenções da Casa voltar-se-iam ao processo de cassação do mandato dele, Cunha disse-se em condições de "ser inocentado".
"Não tenho nenhuma preocupação. Não vão me constranger por causa disso. Não tenho nenhuma preocupação e estou, absolutamente, em condições de ser inocentado na representação no Conselho [de Ética]. Não me sinto constrangido, meu papel de presidente da Câmara é institucional e cumpri [na votação] esse papel."
O presidente disse ainda que analisa a possibilidade de apresentar queixa-crime contra os deputados que fizeram críticas a ele durante o processo de votação da admissibilidade do impeachment.