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Lerner pensa em extinção, incorporação e fusão de secretarias

Leandro Donatti - Folha do Paraná
04 nov 2000 às 11:06

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A reforma de secretariado planejada pelo governador Jaime Lerner (PFL) para os próximos dias passa pela análise de um plano de extinção, fusão e incorporação de pastas. Dentre diversas propostas, uma, levada pelo governador para seu gabinete na Ilha das Cobras, aonde passa este final de semana para fugir do assédio de políticos, mexe na estrutura geral da administração pública estadual.

O projeto, elaborado pelo secretário de Planejamento, Miguel Salomão, no final de 1998, mesma época quando o governo federal mandou os Estados baixarem pacote de ajuste fiscal, prevê o enxugamento de secretarias, transformando-as em "gerências", espécies de coordenações executivas espalhadas pelo interior do Estado. Em Curitiba, só funcionariam coordenadorias de políticas social, econômica, financeira e assim por diante. O governo do Estado mantém hoje 30 secretarias, 20 de caráter permanente e outras dez em regime especial. Qualquer mudança nesta hierarquia depende de lei aprovada na Assembléia Legislativa.

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O projeto de Salomão é ousado e segue os mesmos preceitos da reforma implantada pela governadora Roseane Sarney (PFL) no Maranhão. Os aliados de Lerner não têm a mínima idéia se o governador vai ou não desengavetar a idéia neste momento de reflexão. Se acatar a proposta, desagrada os políticos que o cercam no segundo mandato. Se ignorar, descontenta mais uma vez o corpo técnico que o acompanha há tantos anos.

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Dois fatores teriam emperrado a execução da reforma, proposta por Miguel Salomão, na avaliação de uma fonte no governo: a antecipação dos royalties de Itaipu e a privatização do Banestado. "Com esses dois temas resolvidos, o governador tem condições de implantar as mudanças", avalia a fonte que participou de uma reunião durante a semana com Lerner. Na oportunidade, teria dito que "o grande desafio" é compatibilizar a redução de pastas com os interesses políticos que estão em jogo.

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Para os aliados que estão empenhados em promovê-lo como um nome viável politicamente para 2002, a idéia de reestruturar administrativamente o governo é bem vista. Roseane Sarney, na avaliação do grupo, se projetou nos últimos meses dentro do PFL, como uma potencial candidata à sucessão de Fernando Henrique Cardoso, por conta das mudanças que implantou em seu governo. "Se o governador souber explorar, a reforma do secretariado pode colocá-lo na vanguarda, como ele mesmo sempre faz questão de pregar", avalia um deputado do PFL.


Outro argumento levado ao conhecimento do governador, nas conversas que têm mantido com seus aliados em separado, desde que desencadeou-se o processo de demissão coletiva de toda a equipe, dois dias depois de oficializada a apertada vitória do PFL em Curitiba, é que a redução de algumas pastas e a criação de gerências regionais dariam agilidade ao governo, acabando com a burocracia enfrentada pelos prefeitos do interior.

Hoje, o acesso ao governo do Estado, em Curitiba, é considerado difícil. Lerner tem circulado pouco pelo interior e a vitória da oposição em diversos colégios eleitorais de peso no Estado, nestas últimas eleições, é vista como um agravante, que precisa ser equacionado o mais rápido possível.


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