O Ministério Público Federal (MPF) recebeu nesta sexta centenas de inquéritos e documentos referentes à lavagem de dinheiro através das chamadas contas CC-5 e que estão em segredo de Justiça.
Os inquéritos foram formulados pela Polícia Federal, que iniciou as investigações em Foz do Iguaçu. Agora, todos os volumes e apêndices sobre o assunto serão analisados por uma força-tarefa composta por delegados da Polícia Federal, procuradores da República, técnicos do Banco Central e da Receita Federal.
As chamadas contas CC-5 - Carta Circular nº 5, editada pelo Banco Central (BC) em 1969 para facilitar a vida dos estrangeiros que vinham para o Brasil - começaram a ser usadas para a lavagem de dinheiro em 1994. Na ocasião, o BC autorizou a remessa de valores para o exterior.
Investigações preliminares no Paraná detectaram que mais de US$ 7,1 bilhões haviam sido enviados para fora do Brasil em nome de ''laranjas'' (serventes, pedreiros, empregadas domésticas). As investigações dos casos paranaenses iniciaram em 1997.
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''Com o que temos, dá para oferecer denúncias. Mas vamos ficar com uma sala aqui no Ministério Público para auxiliar nas investigações que se fizerem necessárias. Em um mês, com certeza já teremos os primeiros resultados'', apostou o superintendente regional da Polícia Federal, Jaber Saadi.
A força-tarefa é composta por mais de 30 pessoas, sendo que oito delas são procuradores e o restante peritos da Polícia Federal e da Receita Federal do Paraná e de outros Estados. ''Vamos atuar de forma séria'', disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que não quis dar entrevistas. Ele apenas comentou que a força-tarefa foi criada no último dia 6.
Saadi também não quis se aprofundar. Apenas confirmou que muitos empresários, políticos e cidadãos comuns estão sendo investigados. Ele não comentou sobre números de indiciamentos ou quantidade movimentada através das contas CC-5.
A transferência das investigações para a Capital pode extinguir uma disputa judicial entre a sede do MPF em Foz do Iguaçu e a sede de Curitiba. Os procuradores de Foz do Iguaçu já reivindicavam na Justiça a transferência das investigações sobre as contas CC-5 para Curitiba, alegando que a matriz da maioria dos bancos que integravam o esquema, como o Banestado, localizava-se na Capital.
Os procuradores de Curitiba argumentavam que as diligências deveriam ser tocadas por Foz, onde o esquema era mais ativo.