O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) reivindica dez fazendas da associação do reverendo coreano Sun Myung Moon, 83, em Mato Grosso do Sul. As áreas rurais, segundo o MST, foram consideradas improdutivas pelo Incra (Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
"A ação nas áreas do reverendo é no sentido de recuperar as terras. Ninguém sabe o que ele faz aqui", disse Egídeo Bruneto, coordenador estadual o MST.
Anteontem 250 famílias de sem-terra, segundo a polícia (350 na versão do MST), invadiram a fazenda Aruanã, em Bonito (a 249 km de Campo Grande). A propriedade rural de 1.400 hectares está entre as 46 fazendas compradas por Moon em Mato Grosso do Sul desde 1995.
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O Incra informou que a área invadida pelos sem-terra é considerada "grande propriedade produtiva". A assessoria do Incra divulgou ainda que apenas quatro fazendas foram consideradas improdutivas numa relação de 19 áreas, mas que as vistorias devem continuar nas demais propriedades.
A coordenação estadual do MST afirmou que o movimento invadiu a Aruanã pois "não pode entrar nas que estão improdutivas". O movimento se refere à medida provisória que suspende o processo de desapropriação no caso de áreas invadidas.
A advogada Cristiane Coutinho, que atua para Associação das Famílias da Unificação e Paz Mundial do reverendo Moon, disse que deve entrar nesta semana com pedido de reintegração de posse da Arauanã.
Cristina afirmou que a associação questiona nos processos administrativos do Incra os laudos de improdutividade das terras.
A estratégia do MST, porém, é pressionar para que as terras sejam destinadas à reforma agrária.
"O Estado brasileiro tem que ir para cima. Tanto o governo daqui como o governo federal. Chega um estrangeiro pinta e borda em nossa casa e o governo não faz nada", afirmou Bruneto. O coordenador do MST se refere às acusações do Ministério Público de que a associação de Moon comete crimes ambientais no Pantanal.
A Justiça tornou indisponíveis 12 fazendas de Moon em Mato Grosso do Sul e cinco prédios em São Paulo como garantia para pagamentos de multas ambientais. "Na luta contra os espanhóis, Sepé Tiaraju disse: esta terra tem dono", diz texto do MST, citando o índio guarani que no século 18 lutou contra invasão da Espanha em São Miguel (RS), em referência aos projetos de Moon no Estado.