O Ministério Público do Paraná vai investigar o caso dos grampos telefônicos no Palácio Iguaçu, secretarias de Estado e comitês de partidos políticos. O procurador geral de Justiça, Marco Antonio Teixeira, disse ontem que vai designar nos próximos dias um promotor para acompanhar o caso. Segundo o procurador, o Ministério Público do Paraná tem obrigação e interesse em apurar a responsabilidade de atos ilícitos como a escuta telefônica ilegal.
O esquema de grampos telefônicos no governo foi denunciado em entrevista exclusiva à Folha pelo cabo Luiz Antonio Jordão, 42 anos, no último domingo. Ele responsabiliza membros do primeiro escalão do Palácio Iguaçu de acobertarem casos de espionagem interna e em campanhas eleitorais de adversários políticos do governo. Jordão trabalhou durante quatro anos no Serviço de Inteligência da Casa Militar, mas foi afastado da função.
Ele foi acusado de participar na instalação de um grampo telefônico na Ocidental Distribuidora de Petróleo, em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) e deveria ter prestado depoimento no 3º Distrito Policial de Curitiba, na segunda-feira. O cabo da Polícia Militar não compareceu e mandou seu advogado Peter Amaro de Sousa, representá-lo na audiência. Oficialmente o cabo Jordão está de férias até o dia 24 de maio. Ele está na casa de um amigo, fora do Paraná.
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O procurador-geral Marco Antonio Teixeira afirma que ainda não foi notificado pela Secretaria de Segurança Pública, mas salienta que as diligências do Ministério Público podem ser instauradas paralelamente às investigações policiais. "O trabalho da Polícia Militar ou Civil não invalida o do Ministério Público, que não vai se furtar em investigar tudo o que for necessário para esclarecer a opinião pública sobre o assunto." Ele garante que a instituição ainda não foi acionada para ajudar nas investigações. "Tudo o que sei a respeito do envolvimento de policiais e funcionários do governo no caso dos grampos, sei através da imprensa", disse o procurador.
Para o Ministério Público do Paraná grampo no governo Lerner não é novidade. Desde 1999, a Promotoria de Investigação Criminal (PIC) é responsável pela apuração de uma escuta clandestina encontrada na sala da então secretária de Administração, Maria Elisa Paciornik. A Folha tentou contato ontem com o procurador-chefe da PIC, Dartagnan Abilhôa, para saber como estão as investigações do grampo de Maria Elisa, mas não obteve retorno.
O procurador passou o dia reunido a portas fechadas com outros integrantes do Ministério Público. Maria Elisa fez a denúncia assim que soube do grampo, em novembro de 1999. Na época foi acompanhada do procurador geral do Estado, Joel Coimbra. A então secretária chegou a levar a denúncia para o governador Jaime Lerner (PFL), mas o caso foi abafado pelo primeiro escalão do governo do Estado, que não queria que a informação vazasse para os jornais para não revelar a espionagem interna.
O grampo de Maria Elisa é, segundo o depoimento do cabo da PM, apenas um de uma série. As escutas atingiam ainda gabinetes de outras pastas como a do Esporte e Turismo e também a da Criança e Assuntos da Família.