Analistas ouvidos pela FOLHA apontam que políticos do Paraná e o governador de São Paulo disputam espaço na direita
Dois políticos paranaenses - o governador Ratinho Junior (PSD) e o senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) - e o governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), são nomes que poderiam “herdar o espólio” do bolsonarismo. É o que avaliam analistas políticos ouvidos pela reportagem de FOLHA. Para eles, mesmo com capital político e força no Congresso, a direita precisará se reinventar depois dos ataques contra a sede dos Três Poderes em Brasília, no último domingo.
No dia dos ataques, Moro chegou a acusar o governo Lula de “reprimir protestos e a opinião divergente”, mas em seguida afirmou que “invasões de prédios públicos e depredação não são respostas”. Tarcísio e Ratinho Júnior condenaram os ataques e participaram da reunião convocada por Lula na segunda-feira.
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“O movimento do Sergio Moro no segundo turno das eleições (quando declarou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro) mostrou que ele espera ser herdeiro do espólio. Não acredito que tenha sucesso. Tarcísio de Freitas, mais moderado, pode ser essa nova liderança. Depende, porém, de uma boa gestão”, avalia o cientista político e professor universitário Elve Cenci.
Para a doutora em Ciência Política e professora universitária Karolina Roeder, os atos da extrema direita devem levar a uma mudança por parte dos setores conservadores. “Pode vir a ter um comportamento diferente de outros atores da direita, como a gente teve do Ratinho Junior e do Rafael Greca (prefeito de Curitiba filiado ao PSD), além dos outros governadores, que estão de acordo sobre a importância da defesa da democracia contra atos golpistas.”
A especialista criticou a posição do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que no dia dos ataques, em entrevista à CNN, atribuiu a culpa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É uma declaração muito preocupante vinda de um deputado federal eleito legitimamente. É preocupante esse tipo de sinalização, tivemos durante quatro anos o Bolsonaro incitando esse tipo de ação que ocorreu em Brasília.”
Em sua conta no Twitter, Barros condenou as invasões. “ É inaceitável que as manifestações tenham saído do controle acarretando depredação das sedes dos Três Poderes”, escreveu. “Repudio toda violência e depredação em Brasília, mas culpar somente o governo Ibaneis (Rocha, governador afastado do Distrito Federal) é um erro”, afirmou o deputado, que questionou a ausência da Força Nacional, convocada na véspera pelo ministro da Defesa, Flávio Dino.