"A cor, manifestação da incidência da luz nos objetos, é elemento chave em qualquer composição arquitetônica e sua escolha é ação inerente ao ato de projetar". Com esta frase, dita pelo arquiteto Ricardo Alberti, diretor de criação do Willer Arquitetos Associados, podemos notar a preocupação de construtoras e escritórios de arquitetura e urbanismo com a escolha das tinturas utilizadas em empreendimentos residenciais de grande porte.
De acordo com Ricardo Alberti, a escolha das cores faz parte da determinação do caráter que se deseja dar ao empreendimento (sobriedade, contemporaneidade, sofisticação) e deve ser realizada seguindo alguns aspectos fundamentais. "As cores podem vir do próprio material de revestimento ou podem ser oriundas de pigmentos componentes de elementos de revestimentos. O mercado imobiliário, regido pela questão financeira, acaba condicionando que na maior parte dos casos a cor seja proveniente de pigmentos através de pinturas. O uso dos materiais naturais pode ficar restrito aos empreendimentos de alto padrão. Na escolha das cores, um fator a se levar em conta diz respeito ao que deseja-se comunicar através do empreendimento".
Além disso, Ricardo explica que a arquitetura contemporânea prega uma certa revisitação do modernismo, principalmente em suas qualidades formais. "O movimento moderno na arquitetura, cujo auge se deu na primeira metade do século vinte, preconizava a ‘honestidade dos materiais’, conceito que define a idéia de que a arquitetura deve possuir a cor dos materiais da qual ela é constituída. Também buscou-se a internacionalização da linguagem arquitetônica com a criação de regras formais para a concepção do edifício". Sendo assim, ele conta que a neutralidade das cores utilizadas, atualmente, nos empreendimentos residenciais são influenciadas diretamente por esta tendência modernista. "A neutralidade, advinda dessa ‘honestidade’, é um conceito bastante interessante. Entretanto, para a maioria dos empreendimentos, essa estratégia fica impossibilitada por questões orçamentárias, restando a paleta de ‘cores prontas’ de catálogo, cujas opções são bastante reduzidas. A neutralidade no uso de cores nessa natureza de empreendimentos é um ônus à aceitação do público. Já os empreendimentos customizados para um determinado público podem ser pensados com um paleta mais variada".
Leia mais:
Neymar compra cobertura de luxo em Dubai por R$ 314 milhões
Fim de ano nos condomínios: Como manter a harmonia e a segurança?
Saiba quais são as 20 maiores favelas do Brasil, segundo o Censo 2022
Jovens negros são população predominante nas favelas, mostra Censo
Para Rodolfo Kouri, diretor da construtora londrinense Graúna, responsável, entre outros, pelo desenvolvimento do imóvel Fit Terra Bonita na cidade de Londrina, o estudo detalhado das cores e a forma de aplicação das tinturas aumentam as chances dos empreendimentos atingirem um número de vendas satisfatório. "Hoje, as texturas utilizadas nas fachadas de empreendimentos residenciais de grande porte costumam ser mais discretas, mas a forma de aplicação destas tintas, definidas pelos arquitetos, acabam enriquecendo o projeto e, consequentemente, conquistando os clientes". Além disso, o empresário explica que apesar da parte externa dos imóveis utilizarem, geralmente, cores pacatas, nada impede que outros espaços dos empreendimentos sejam elaborados com tinturas mais marcantes, como por exemplo o vermelho e o azul. "Em diversos pontos dos condomínios residenciais temos a liberdade para criar e inovar utilizando diferentes cores e texturas. Isto acaba valorizando o imóvel ao mesclar o tradicional das fachadas com a contemporaneidade das áreas de lazer e serviço", completa.