Segundo um levantamento do ministério da educação, a procura pelos cursos de graduação em administração, praticamente triplicou entre 1991 e 2003. Essa preferência pela área administrativa, pode ser o reflexo das mudanças que acontecem no mercado e afetam diretamente as empresas, que mudaram – e muito – o perfil desejado para os profissionais que compões seus quadros.
Um dos exemplos mais significativos dessa "adequação" de perfil são os CIOs, que estão cada vez menos técnicos e muito mais estratégicos, as soluções tecnológicas são encaradas como ferramentas, meios para que a missão da empresa seja alcançada, mais que conhecimento técnico, é preciso conhecimento das aplicabilidades dessa tecnologia, com o objetivo de gerar resultados positivos para a corporação.
O desenho desse cenário nos mostra as curvas evolutivas de todas as áreas, convergindo para pontos cada vez próximos à administração, numa valorização das idéias e das técnicas desses profissionais. O mercado finalmente está reconhecendo o verdadeiro valor da administração profissional e seu verdadeiro papel dentro das organizações, não apenas como "controller" ou burocrata, mas sim como ente participativo e de importância fundamental para o planejamento estratégico e na definição dos rumos das empresas.
Nos últimos anos, assistimos a bancarrota de várias empresas de porte significativo (Encol, Mappin, Mesbla) e ainda vemos várias situações onde a ausência de administração profissional colocou empresas em situação complicada (vejam os casos Varig e Vasp). Essas situações têm feito a comunidade empresarial refletir sobre o verdadeiro valor do profissional da administração, e lentamente, nos coloca em nosso lugar de merecimento. Um exemplo é o grupo Votorantim, que contratou diversos profissionais do mercado para atuação em cargos estratégicos na companhia.
O que diferencia os administradores é sua preparação técnica, o estudo e avaliação das diversas situações e mudanças do mercado. Toda a evolução (tanto técnica, quanto administrativa) que assistimos nos últimos anos, criou um dos cenários mais competitivos da história capitalista. Erros não são mais permitidos, as empresas não podem mais se dar a esse "luxo". A época da "tentativa e erro" acabou.
Claro que em momento algum, desmereço a prática. É muito importante na vida de qualquer profissional, por exemplo, um médico que nunca esteve diante de uma cirurgia "de verdade". Mas apenas a prática sem nenhuma técnica, poderia fazer esse mesmo médico a extrair o fígado de um paciente com problemas no coração...
Estou citando a área médica nesses exemplos, porque considero o melhor paralelo entre profissões, pois ambos tem uma responsabilidade enorme em suas mãos e não podem nunca decidir de maneira errônea, pois seus erros, custam muito caro...No caso da Encol, mais de cinqüenta mil pessoas foram afetadas direta ou indiretamente com a quebra da empresa, e o prejuízo jamais será ressarcido.
O conhecimento adquirido pelos administradores nas academias, possibilita uma melhor avaliação de situações, bem como a elaboração de projetos flexíveis, maleáveis, adaptáveis. Esse conhecimento técnico, nos permite "errar menos" ou até mesmo, antecipar as falhas e vulnerabilidades de um projeto, possibilitando à empresa, uma vantagem ou ao menos uma chance, num mercado onde as falhas são punidas com extremo rigor.