Há vinte anos morreu Garrincha. Levando com ele a magia do futebol e deixando pra trás lendas e histórias fantásticas atribuídas ao “anjo das pernas tortas”. Falar de Garrincha é comentar sobre a chamada era romântica do futebol, embora a denominação não seja fiel a realidade. Em a “Estrela Solitária”, belíssima biografia sobre o craque, Ruy Castro mostra até que ponto a falta de escrúpulos dos dirigentes e desconhecimento dos médicos da época, que brindaram Garrincha com uma interminável série de infiltrações nos joelhos, minaram a reduziram a carreira do jogador. O alcolismo foi o outro grande adversário que venceu o gênio.
Mas quando se fala de uma lenda, o que vem a tona são as imagens dos “joões” enlouquecidos com as pernas cheias de ginga, que jamais indicavam com antecedência a direção que seguiriam. Tortos mistérios que encantaram o mundo e conquistaram duas Copas. Em 58, Garrincha foi, ao lado de Zagallo, Didi, Gilmar e tantos outros, a base de uma equipe que lançou para o mundo um garoto chamado Pelé. Já em 62, teve que assumir a responsabilidade de, além de encantar e divertir, ser artilheiro e comandar a equipe. Mesmo fora de suas características foi o craque da Copa e bicampeão de fato. Em seu último mundial, em 66, amargou a única derrota vestindo a camisa da Seleção, quando já não era mais o mesmo.
Depois de tantas glórias na seleção e no Botafogo, já com problemas sérios no joelho, Garrincha perambulou por várias equipes, fez em breves lampejos a alegria das duas maiores torcidas do país, mas o futebol que tanto amava o abandonou. A tristeza das últimas partidas, em que contava com a benevolência dos zagueiros adversários que permitiam alguns dribles para tentar animá-lo é uma página felizmente pouco conhecida da trajetória do ídolo.
Hoje, as pessoas lembram que há vinte anos o gênio do drible se foi. Mas esquecem que, quando morreu, Garrincha estava abandonado a sua própria sorte. Um pouco por culpa dele, outro tanto pela falta de caráter dos seus velhos patrões. Apenas mais uma vítima de um país que não preserva sua história e seus ídolos.
Garrincha talvez tenha sido um pouco gauche, mas o papel do poema que representa melhor é o do anjo torto.
Zagallo
Alguns leitores reclamaram de minha falta de consideração por Zagallo. Esclareço que o considero um craque dentro das quatro linhas. Mas fora delas seus atos não contém a mesma classe e elegância de dentro de campo, o que é uma pena. A exemplo de Pelé, ele macula o seu passado a cada destempero. Parece sempre ressentido e não perde a oportunidade de desabafar, mesmo para quem não tem nada a ver com suas mágoas. Se Tostão, Telê e outros tantos craques puderam repetir o sucesso fora de campo, Zagallo poderia também, mas se perde em arrogância.
Paranaense
O Campeonato Paranaense deste ano deve repetir a velha história. Um tropeço ou outro dos times da capital, especialmente nos jogos no interior e uma final estritamente curitibana. E desta vez, o Coxa e o Furacão estão um passo a frente do Paraná. Se não houver surpresas, e felizmente elas ainda existem no futebol, um dos dois fica com a taça.
Nota 10
Para a Seleção Brasileira Sub-20, que segue invicta e com grandes chances de conquistar o Sul-Americano da categoria. Mesmo quando não dá show, a equipe tem garra suficiente para vencer.
Nota 0
Para a Seleção Brasileira Sub-23. Não merece nem comentários.