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Itália dos pés à cabeça

11 jul 2006 às 11:00
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Antes da competição começar, Carlos Alberto Parreira acertou -- como pouco fez ao longo do mundial -- ao afirmar que esta seria a Copa da preparação física (exatamente um dos itens que mais fez falta à "nossa" seleção). Com treinadores cada vez mais burocráticos e menos afeitos à variações táticas e esquemas ofensivos, o preparo físico e a força são diferenciais significativos que podem tornar uma equipe vencedora. O título italiano confirma a desconfiança do auto-intitulado gestor de talentos nacional, que apostou em um time pesado e com estilo de jogo muito mais próximo ao adotado pelas equipes européias.

E se a aposta brasileira foi equivocada -- seja pela falta de tradição tupiniquim para este estilo de jogo, seja pela falta de vontade ou mesmo pela morosidade e desinteresse do treinador e de seus escolhidos --, a consagração do estilo de jogo pouco afeito à elegância e à habilidade coube como uma luva para uma seleção que o aplica da forma mas eficiente. Talvez o único adversário à altura dos italianos em uma copa marcada pelo zelo defensivo fossem os alemães. E não é a toa que o melhor jogo deste mundial que muito se aproximou da mediocridade exibida em 1990 tenha sido exatamente o duelo ítalo-germânico. que curiosamente foi vencido pelos italianos graças a uma ousadia ofensiva de seu treinador.

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Mas apesar desse arroubo circunstancial, a partida final foi mais um exemplo da aplicação dos
conceitos do chamado futebol de resultados. França e Itália entraram em campo com formações muito parecidas, com apenas um atacante e uma participação fundamental dos volantes. A maior diferença é que os galos tinham um meia-atacante (Ribery) e um meia-armador clássico (Zidane), este último remetendo a uma forma de jogar que caiu em desuso já nos anos 80. Já os italianos tinham um meia de criação mais moderno e quatro volantes.

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Volantes, principalmente Pirlo pela Itália, e Vieira, pela França, que se tornaram responsáveis por iniciar a maioria das jogadas ofensivas, embora os franceses investissem mais em trocas de passes curtos e os italianos abusassem dos lançamentos. E se o time de Zidane teve o jogo nas mãos após um pênalti batido ao melhor estilo Djalminha/Marcelinho pelo craque francês, a Itália partiu com fúria (a verdadeira, não a espanhola) para cima e após algumas tentativas fez valer a sua superioridade no jogo aéreo, por meio do grandalhão Materazzi. Depois disso o jogo seguiu em banho-maria, com uma ou outra chance de lado a lado, até que os autores dos gols resolvessem protagonizar o lance que ficará como marca deste mundial: a cabeçada do touro francês no toureiro italiano.

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Não importa o que o zagueiro tenha falado para Zidane, não importa se a arbitragem tenha demorado uma eternidade para expulsar o francês, não adianta imaginar se a presença do melhor jogador da equipe tenha feito falta na decisão por pênaltis (na minha opinião não alteraria nada), o lance fica na história das Copas mais do qualquer um dos gols marcados, que a cobrança desperdiçada por Trezeguet, que a fantástica defesa de Bufon após cabeçada (outra) de Zidane.


A imagem que marcará a Alemanha será a agressão do grande craque ao grande cabeça de bagre (eleito pelos próprios italianos). Um fim desolador para um dos maiores jogadores das últimas décadas. Não será uma mancha indelével em sua brilhante carreira e nem será sua mais famosa cabeçada (as duas nos gols contra o Brasil no título de 98 são mais marcantes). Mas representa um sopro de humanidade -- e de sua imperfeição -- em um mundo em que os atletas são cada vez mais produtos e personagens do marketing. Zidane não é de outro planeta, mas é de outra era.

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Pés no chão


Com o fim da Copa voltamos agora à dura realidade do Brasileirão, que a exemplo do mundial não se carateriza por grande riqueza técnica ou ousadias táticas.

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Nota 10


Para Zidane, o jogador que não é de plástico.


Nota 0

Para a consagração total do futebol de resultados, que tornou esta Copa uma das piores da história.


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