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Um passo para a frente, dois passos para trás

29 jun 2006 às 11:00

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Se Parreira acertou na mosca ao escalar o time que ganhou até com facilidade do Japão, voltou atrás e errou feio ao repetir contra Gana a equipe que foi muito mal nas duas primeiras partidas. Mais uma vez o esquema tático com dois centroavantes de área demonstrou sua ineficiência e o Brasil não soube explorar as facilidades oferecidas pela "linha burra" dos ganenses. Conseguiu isso no começo do jogo e depois parece que esqueceu como fazer lançamentos na hora certa, o que só voltou a ocorrer no final do primeiro tempo. Não foi a toa que os gols de Ronaldo e Adriano surgiram de forma semelhante.

O do agora artilheiro de todas as Copas, aliás, foi feito no melhor estilo do Ronaldo de outros tempos, o que confirma a evolução física do Fenômeno, que, apesar de ainda estar pesado, consegue ao menos manter um bom ritmo de jogo. Seu companheiro de ataque, porém, confirma na seleção a fase não tão boa que vive na Inter e mais uma vez fez pouco para justificar a titularidade. Perdeu uma chance clara, ao receber em impedimento (não marcado) e se enrolar na hora de driblar o goleiro, tentando cavar um pênalti que não existiu. Ainda assim conseguiu marcar seu gol, em outro impedimento ignorado pela arbitragem, após um contra-ataque puxado por Lúcio, que anda se saindo melhor como armador do que como zagueiro.

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Mas o que se viu no primeiro tempo foi um show de erros de passes e um cuidado excessivo do time brasileiro, que recuou a se postou quase que totalmente em seu campo de defesa. E mesmo assim não conseguiu bloquear os atacantes e meias ganenses, que tiveram muitas oportunidades para marcar, o que só não aconteceu pela má pontaria e pelas boas defesas de Dida nos poucos acertos.

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Curiosamente, apesar do claro domínio das iniciativas por parte dos africanos, os zagueiros brasileiros continuaram bem, o que fez com que os jogadores de Gana arriscassem em chutes de longa distância. Porém, aconteceram algumas falhas de posicionamento que só não resultaram em gol porque o goleiro brasileiro salvou a equipe. Mas o maior problema foi a quase total falta de proteção à zaga, tarefa que deveria caber aos volantes da equipe, mas que ficou basicamente a cargo de Zé Roberto, já que Emerson não cumpriu este que é seu único dever na equipe. Se marcando já não deveria estar no time, sem marcar então seria candidato sério a perder o lugar no time, se o técnico não fosse Parreira.

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Este poder de marcação melhorou um pouco com a entrada de Gilberto Silva, e mais tarde de Juninho, embora este último não tenha repetido suas boas atuações anteriores, embolando um pouco o jogo com Zé Roberto. O autor do belo terceiro gol foi um dos melhores em campo, ao lado de Dida, atuando bem na marcação e com boas chegadas ao ataque. Kaká não foi brilhante mas também não teve atuação ruim, mantendo uma média que o torna um dos jogadores chave para a equipe. Ronaldinho, não aproveitou o quanto poderia a maior liberdade de atacar no segundo tempo, mas em alguns lances lembrou o jogador que todos querem ver. Poderia ter feito um gol se Cafu não pensasse mais em seus recordes e vaidades do que na vitória da seleção.


O lateral direito repetiu as más atuações mas mostrou o esforço e a vontade de sempre, ao contrário de Roberto Carlos, cada vez mais apagado em campo e falastrão fora dele. E Ricardinho desta vez voltou a jogar o que sabe e mesmo jogando apenas alguns minutos deu uma aula a seus colegas de como aproveitar a linha de impedimento adversária.

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Atuações


Dida - Teve que se virar para evitar o gol ganense. Fez uma defesa espetacular em cabeçada à queima-roupa - 8,5;

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Cafu - Vale mais pela vontade do que pela eficiência e grandes jogadas. Foi fominha em lance que poderia resultar em um gol de Ronaldinho - 6;


Lúcio - Segue sem fazer faltas e com confiança suficiente para bancar o atacante de vez em quando. No segundo gol mostrou aos laterais, volantes e meias como fazer para lançar os atacantes - 8;

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Juan - mais discreto e eficiente que o companheiro de zaga. Apesar de algumas falhas de posicionamento, foi bem - 7,5;


Roberto Carlos - Só apareceu quando errou por muito um cruzamento - 3;

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Emerson - Só Parreira parece não ver que é o pior do time. Deixou muito espaço para os meio-campistas ganenses chegarem perto do gol brasileiro - 2;


Zé Roberto - Sobrecarregado pela ineficiência de Emerson teve que se desdobrar em campo. Foi coroado com um belo gol - 7,5;

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Kaká - Melhor do que contra o Japão. Pior do que nas duas primeiras partidas - 6,5;


Ronaldinho - Ainda não encontrou o seu espaço no campo. Melhorou um pouco e até arriscou algumas jogadas de efeito quando foi deslocado para o ataque. Só não fez um gol porque Cafu não quis - 7;


Adriano - Apagado em campo. Perdeu chance clara quando tentou cavar pênalti e fez um gol de centroavante. Mas estava impedido nos dois lances - 5;


Ronaldo - Segue melhorando. Mais participativo, fez um gol que fez recordar seus melhores tempos. Tem muito crédito e sabe dar a volta por cima. Nem parece o poste que iniciou a Copa - 8;


Gilberto Silva - Entrou e melhorou a marcação no meio. Incomparavelmente melhor que Emerson - 6,5;


Juninho - Jogou menos do que contra o Japão e se embolou um pouco com Zé Roberto. Mas mesmo assim mostrou que tem plenas condições de ser titular - 6,5;


Ricardinho - Soube tirar proveito do desânimo do adversário e fez lançamento magistrais. Voltou a apresentar o seu futebol que andava sumido há muito tempo, inclusive no Corinthians - 7,5;


Parreira - Provou que sua teimosia é o maior obstáculo para o título. Errou feio na escalação, deixou o time retrancado e contou com a ajuda de Dida e do juiz para que a vitória fosse mais tranqüila. Pelo menos acertou nas substituições - 3.


Que venha a França


Os franceses fizeram contra a Espanha o seu melhor jogo na Copa. Zidane não tem mais a mesa forma física, mas, a exemplo de Ronaldo, é decisivo e sabe como poucos os atalhos para o gol. Com o auxílio de Vieira, o melhor em campo, e do ótimo Ribèry, os azuis deixaram a Fúria Espanhola para trás. A equipe ibérica mais uma vez mostrou ser um fogo de palha e, assim como o México, pode repetir o velho lema: jogamos como nunca, perdemos como sempre.


Contra os franceses, o primeiro passo para o Brasil será esquecer a final de 1998 para que os antigos traumas não voltem à tona. Papel que cabe à comissão técnica, embora seja muito difícil esperar que Zagallo não faça alusões àquela partida e crie um clima perigoso e injustificado dentro do time. Pelo mau humor de Cafu ao falar sobre isso, é fácil perceber que aquela partida ainda está muito viva na mente dos atletas brasileiros.


E para vencer, Parreira tem que definitivamente abrir mão das "torres gêmeas" e deixar de insistir em um modelo tático que não funcionou até agora. Para isso, a recuperação de Robinho é importante para que o treinador tenha esta boa opção. Ou então reproduzir o esquema do segundo tempo contra os ganenses, com Juninho no time e Ronaldinho como segundo atacante.


E, nunca é demais pedir, com Gilberto Silva no lugar de Emerson. Nisso, Parreira deve ser ajudado pela lesão do veterano titular.


Duelo de gigantes


Alemanha e Argentina é o principal jogo das quartas-de-final. As duas seleções têm tradição de bons duelos na história da Copa, como nas finais de 1986, um jogaço; e de 1990, um joguinho sem vergonha como quase todos no pior mundial de todos os tempos. Os alemães vêm evoluindo a cada partida e contam com um inspirado Klose. Os argentinos alternam boas e más exibições mas apostam em jogadores talentosos e com capacidade de definir um jogo pelo talento. Difícil apontar um favorito, embora a Alemanha tenha a vantagem de jogar com a torcida a favor e com a habitual benevolência das arbitragens aos donos da casa.


Briga dura


Ucrânia e Itália devem fazer o jogo mais truncado desta fase, principalmente se repetirem o que fizeram nas oitavas. Equipes bem postadas na defesa (a goleada da Espanha sobre os ucranianos é um caso a parte) que apostam em bolas levantadas para os centroavantes decidirem. Só que eles andam falhando, principalmente Schevchenko, que ainda não mostrou porque sempre está na lista dos melhores jogadores do mundo.


O Grêmio da Europa


Portugal e Inglaterra completam a rodada decisiva em um jogo cheio de tensão. Os ingleses ainda não mostraram porque foram tão incensados antes da Copa, apesar de seu ótimo meio campo. Já os portugueses terão que juntar os cacos após a batalha contra os holandeses. A vantagem lusa é que Scolari montou uma equipe que lembra o seu antigo time do Grêmio, e com jogadores de melhor qualidade técnica.


Nota 10


Para a volta por cima (mais uma) de Ronaldo, agora o maior artilheiro da história das Copas. Quem o viu em campo no primeiro jogo do Brasil não poderia imaginar que sua recuperação seria tão rápida.


Nota 0

Para a eterna teimosia de Parreira e para as declarações de Zagallo pondo mais lenha na fogueira da suposta vingança contra os franceses. Isso só deixa o time nervoso.


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