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27 ago 2009 às 13:41
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Havia muito tempo eu não caminhava pelas ruas de Londrina por simples deleite. Antigamente, Teté e eu passeávamos perto de casa ou íamos até o centro e voltávamos; chegamos a ir até o Com Tour, perto de onde meus pais moravam – 12k, ida e volta! Depois, comprei uma esteira e comecei a caminhar em casa pensando na saúde. Fazia isso ao som de Led Zepellin, Frank Zappa, Lynyrd Skynyrd, entre outros. Nos últimos tempos resolvi me exercitar às margens do Igapó e passei a correr 7,5Km, 10km. Resultado: dores nas costas, nas panturrilhas, nos joelhos. Voltei a caminhar na esteira, ainda pensando na saúde. Hoje, porém, resolvi andar um pouco a passeio, sem preocupação com batimentos cardíacos. Aproveitei que teria de levar o carro de minha filha Luana para desamassá-lo e voltei a pé para casa; cinquenta e cinco minutos de caminhada por algumas ruas londrinenses.

NOSTALGIA

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Fui acometido por uma nostalgia que havia muito eu não sentia. Reconheci cada árvore, cada casa, cada esquina. Andei pela Rua João XXIII, pelo Vale Verde, pelo Vale da Água Fresca, pela Rua Humaitá, pelo Zerão. Lugares por onde outrora eu andava quase todos os dias. E sempre que eu andava, contemplava com satisfação as árvores, os passarinhos, as ruas, as calçadas, a arquitetura dos edifícios, as pessoas. Acho que por isso que escrevia poesias todos os dias naquela época, e hoje, raramente. Havia deleite nas minhas andanças. Hoje ando de carro; não tenho tempo para olhar para as coisas enquanto isso; não tenho tempo para me admirar com nada dentro de um carro. Para me admirar, hoje, preciso marcar hora, ir a determinado lugar, descer do carro e me preparar. Deleite agendado!
Naquela época, andava de casa até o centro (eu morava perto do Com Tour - 6 ou 7km), andava da UEL até minha casa, da UEL até o centro, da minha casa até a casa de Teté e vice-versa; andava de manhã, à tarde, à noite, de madrugada. Andava. Andava por prazer. Hoje não tenho tempo. Virei homem. Não no sentido viril, porque isso sempre fui, mas no sentido de experiência: homem x adolescente.

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PRIMEIRO BEIJO

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Na minha caminhada de hoje, porém, senti novamente aquele prazer inefável, ou seja, que não se pode exprimir por palavras. Admirei-me de novo com a magnificência de flamboyants, santas-bárbaras, mangueiras e árvores cujos nomes desconheço; deletei-me com as casinhas de madeira que ainda existem naquela região; senti saudades das repúblicas que por lá havia na década de oitenta e que deram lugar a construções mais modernas; regozijei-me com o traçado das ruas, antigas companheiras de profundas reflexões em minhas andanças noturnas. O que mais me comoveu, no entanto, foi a sensação que tive ao passar pelo cruzamento da rua Humaitá com Paranaguá. Lá, na calçada da Humaitá (para quem caminha pela Paranaguá, vindo da JK, e vira à direita), mais ou menos a dois passos do meio-fio da Paranaguá e a um passo do da Humaitá, é o exato local em que Teté e eu nos beijamos pela primeira vez. Era 05 de fevereiro de 1982, três dias antes de começarmos a namorar; aproximadamente 23h. Foi lá, naquele exato lugar. Senti vontade de voltar lá com Teté qualquer dia desses e repetir o beijo. Quem sabe em alguma noite romântica não façamos isso...


CORAÇÃO-EMOÇÃO

Preciso voltar a caminhar a esmo, sem preocupação com o coração-músculo e com mais preocupação com o coração-emoção. Preciso de mais emoções como essas para sentir mais a vida. Às vezes, nos recolhemos demasiadamente e nos tornamos velhos. Temos de aceitar o envelhecimento, sim, pois é tolice querer permanecer jovem, mas não precisamos sentir-nos velhos, deteriorados, degenerados, pois o que é velho, descarta-se, e o que é antigo, cuida-se com carinho. Temos de nos sentir experientes (antigos) e repletos de sabedoria para sabermos viver bem, e isso só consegue quem não deixa as boas emoções rarearem, pois são elas que enriquecem o relacionamento que temos com nós mesmos e com as demais pessoas!


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