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SERIA O IDIOMA A FÔRMA DO PENSAMENTO?

14 mar 2010 às 16:02
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SERIA O IDIOMA A FÔRMA DO PENSAMENTO?


Caetano Veloso, em sua música Língua, cantou "se você tem uma ideia incrível / é melhor fazer uma canção / está provado que só é possível filosofar em alemão", parodiando Heidegger, que afirmou "somente é possível filosofar em grego e em alemão". Este é filósofo alemão; aquele, poeta e músico brasileiro. Pensam da mesma forma os filósofos e os poetas? Ou o cérebro se desenvolve dependendo das atividades intelectuais que são realizadas durante a vida? Seria o idioma que um povo fala primordial para a maneira como o cérebro funciona? Seria o idioma a fôrma do pensamento?
Povos que usam, em sua escrita, símbolos diferentes das letras que usamos em nosso alfabeto necessitam de um ‘treinamento’ diferente para sua alfabetização. É necessário maior ou menor esforço de raciocínio para decodificar os diferentes símbolos que servem para a comunicação, dependendo do grau de dificuldade de tal idioma. Mesmo países que utilizam os mesmos símbolos, mas que possuem fonemas diferenciados concernentemente a outras nações, têm maneiras diferentes de raciocinar para se comunicar. A língua árabe, por exemplo, além de ter símbolos diferentes das nossas vinte e seis letras, possui um fonema gutural que não tem referente na Língua Portuguesa e que nos traz grande dificuldade para pronunciá-lo. Há necessidade, portanto, de um raciocínio diferente do que usamos para aprendê-lo e usá-lo naturalmente.

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RACIOCÍNIO DIFERENTE DO USUAL.

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Terra sem cultivo não produz; tampouco a mente.


No movimento escoteiro, os escotistas, que são os adultos do movimento, ensinam aos jovens alguns códigos de comunicação, como a semáfora, nos quais há símbolos, ou posições com os braços, que representam as letras. Os escoteiros, ao estudar esses códigos e ao usá-los, desenvolvem-se intelectualmente, pois passam a usar o raciocínio de maneira diferente da usual. Aprender símbolos que sirvam para a comunicação, portanto, ajuda a desenvolver o raciocínio do usuário; aprender idiomas, então, tem a mesma finalidade, seja o de sua nação ou uma segunda língua.
É, porém, o idioma o fator principal da construção de pensamentos? Se falássemos Alemão estruturaríamos nossos pensamentos diferentemente de como o fazemos em Português? Acredito que não, pois, se assim o fosse, teríamos as mesmas características culturais dos que vivem em Portugal, em Moçambique, ou em qualquer outro país lusófono, e isso não acontece. Até na maneira de falar dificilmente nos entendemos. De nada adianta o Acordo Ortográfico tentar unificar a Língua Portuguesa; os usos continuarão diferentes; os falares serão diversos.

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NOÇÕES DE COMUM.


O que realmente nos faz pensar de forma comum (não que todos pensemos exatamente da mesma maneira, mas temos as noções de comum, e isso nos leva, segundo Aristóteles, a uma posição política de pensar comum); o que nos faz pensar de forma comum é a cultura que nossos antepassados criaram e que nós continuamos a dar sustento. Essa cultura nos leva não somente a pensar de forma semelhante, mas também a agir de forma semelhante, a usar os mesmos aparelhos e as mesmas roupas e a produzir a civilização que norteará os rumos de nossos filhos e netos, que farão o mesmo, pois é isso que forma a sociedade.
Pensamos de forma comum, mas produzimos pensamentos específicos conforme aquilo que nos propusemos a construir no passado para obter no presente, ou seja, somos hoje o que instituímos ontem; colhemos no presente o que plantamos no passado. ‘Se queres produzir bons pensamentos, planta boas intenções em sua mente; e se queres ter boas intenções, produze bons pensamentos’. É um esforço constante o que cada um de nós tem de ter para desenvolver a arte de ‘bem-pensar’.


É SEMPRE POSSÍVEL FILOSOFAR.

Independentemente do idioma que um povo fala, é sempre possível filosofar, e filosofar bem, pois isso só depende da necessidade e da boa vontade de cada indivíduo. Pensar não é usar o conjunto de símbolos e de fonemas de uma língua, mas sim usar o raciocínio lógico, e este pode ser desenvolvido com treinamento e perspicácia, seja falante do idioma Japonês, Italiano, Inglês, Alemão, Mandarim ou Português.


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