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Ciclo de queda da taxa Selic está no fim

12 mai 2004 às 11:00
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A inflação medida pelo IPCA, indicador utilizado no sistema de metas de inflação, caiu de 0,47% em março para 0,37% no mês de abril. O resultado ficou dentro de nossas expectativas (0,4%). O resultado é muito inferior ao observado em maio do ano passado (0,97%).
No valor acumulado dos últimos doze anos, o índice caiu para 5,26% contra 5,89% em março. Essa foi a 11ª queda consecutiva no acumulado em 12 meses após atingir seu ápice em maio do ano passado (17,24%).
O núcleo de inflação calculado a partir do critério de metas aparadas com suavização caiu de 0,76% em março para 0,57% em abril. Em termos anualizados, o núcleo passou de 9,5% em março para os atuais 7,06%.
Como o IPCA ficou dentro das expectativas e ratificou sua trajetória de queda, além do núcleo ter apresentado forte recuo, é possível que haja nova queda da Selic em 0,25 ponto percentual, mas ressaltamos que essa seria uma das últimas quedas do ano. A mudança do cenário externo se sobrepõe aos fatores internos e é por isso que acreditamos que o ciclo de queda dos juros esteja no seu fim.
Por diversas vezes através de nossos relatórios alertamos que o Copom deveria aproveitar a janela de oportunidade constituída a partir do elevado fluxo de capital nas economias emergentes para reduzir os juros de forma mais ousada. Um dos relatórios publicados foi o Opinião Global Invest "Selic abaixo de 15% a.a.: patamar improvável para 2004 (15/04/2004).
Era sabido de que quando os juros de mercado (yield) dos Estados Unidos (Treasuries) começassem a subir, iniciando o processo de realocação de capitais das economias emergentes para as desenvolvidas, ficaria mais difícil promover a queda dos juros domésticos e quando isso ocorresse seria necessário que a taxa Selic estivesse num patamar muito menor que o atual para continuar dando alento à recuperação da atividade econômica interna que foi fortemente abatida em 2003 justamente pelo excesso de conservadorismo do Copom tanto na questão da alta exagerada dos juros quanto das reduções tímidas iniciadas em junho de 2003.
Com a alta dos juros dos Treasuries os investidores exigirão um prêmio maior (rentabilidade) para deixar seu dinheiro aplicado no Brasil. Dependendo da magnitude da alta dos Treasuries, que tende a se intensificar ainda mais, é provável que os investidores começam a desconfiar da sustentabilidade da taxa de juros interna no patamar atual.
Certamente daqui a diante as expectativas de crescimento da economia se deterioram ainda mais. Antes dessa piora dos ativos brasileiros apenas as expectativas de crescimento da economia para o ano de 2004 eram afetadas, mas agora o ano de 2005 também começa a sofrer os efeitos negativos dessa mudança de cenário. Com a divulgação de novos indicadores econômicos e eventos negativos como, por exemplo, a derrota do governo na questão do funcionamento dos bingos no país, certamente as expectativas futuras em relação a economia brasileira serão afetadas.
Em nosso relatório de projeções macroeconômicas, que é publicado mensalmente (o de maio será divulgado daqui a pouco), já demonstramos o recuo da expectativa de crescimento do PIB e aumento das projeções de inflação.
As revisões se basearam tanto na deterioração das expectativas futuras quanto na expectativa de aumento de preço dos combustíveis que certamente virá, pois, não acreditamos que a Petrobrás conseguirá manter o preço dos combustíveis estáveis com o preço do barril do petróleo se mantendo por volta de US$ 40 e registrando níveis recordes, tanto o tipo Brent negociado em Londres quanto o WTI negociado em Nova York, fato que está gerando uma defasagem de preço dos combustíveis entre o mercado interno e externo em torno de 25% (o que reflete um aumento de 0,8 ponto percentual no IPCA).

Créditos: Alexsandro Agostini Barbosa é economista da Global Invest

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