Passada a eleição norte-americana já se tem uma leitura da economia global e seus desdobramentos. Muitos riscos estão pairando no ar e é preciso agir agora para não ocasionar uma freada no crescimento ou até mesmo para não estimular uma recessão.
Cinco riscos ameaçam a economia mundial. A maioria dos riscos reforça o outro e caso um deles venha a ocorrer, a possibilidade de que os outros sejam desencadeados é ainda maior. Dentre eles 3 estão relacionados aos EUA: a grande escalada do déficit em conta corrente; gastos do governo exagerados e fora de controle (déficit fiscal); e o provável crescimento do protecionismo. O quarto risco se refere a uma possível freada no crescimento chinês. O último, mas não menos importante, é o aprofundamento da atual crise do petróleo, fazendo com que a cotação da commodity chegue aos patamares da década de 70 (entre 60 e 70 dólares).
O déficit em conta corrente dos EUA é o maior risco do cenário: sua persistência eleva a expectativa de maior desvalorização do dólar, devendo levar o banco central norte-americano (Federal Reserve) a acelerar a elevação nos juros para manter o investimento estrangeiro no país, trazendo problema de financiamento para os países emergentes. Os gastos do governo norte-americano vêm se mantendo e aumentando percentualmente sua relação com o PIB. Com isso, reforça a teoria de aumento do juro para equilibrar as contas do governo com o investimento externo. Juntamente com os outros dois pontos acima, o protecionismo poderá vir de maneira mais acentuada para equilibrar a balança comercial norte-americana e para um controle da sua taxa de desemprego.
A economia chinesa, por sua vez, já dá sinais de que precisa manter um crescimento inferior ao que vem apresentando na última década e sem pressionar a inflação. Para tanto, o banco central chinês decidiu elevar a taxa básica de juros após 5 anos.
Com Bush reeleito e a manutenção das políticas macroeconômicas do governo norte-americano, deve-se atentar para os reflexos imediatos com relação aos juros e inflação. O petróleo deve se manter em patamares elevados tanto pela capacidade limitada de expandir a oferta como pela política norte-americana de aumento gradativo dos estoques estratégicos, pressionando ainda mais o déficit da balança comercial.
Dessa forma, a economia global deverá enfrentar os fatores de risco listados anteriormente ao longo de 2005, tendo como principais elementos de observação nesse horizonte: inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, desemprego e conflitos comerciais mais freqüentes.
Créditos: Dernizo Richter Caron e Alexsandro Agostini Barbosa, economistas da GRC Visão.