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''Joe the Barbarian'' encanta em épico moderno

28 set 2010 às 17:44

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Novos volumes da equipe concebida por Alan Moore e Kevin O'Neill destrincham obras literárias modernas -
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Curitiba - Joe é um adolescente diabético, é visto quase como um autista por sua mãe, que não lhe dá muita atenção. Joe adora histórias em quadrinhos e fantasia, vive desenhando em qualquer pedaço de papel e é incompreendido no colégio, onde apanha bastante de seus colegas.

Certo dia, o menino invade o universo de seus próprios brinquedos e então começa uma grande aventura. Não há nada novo nessa sinopse, nem de tão espetacular. Entretanto, apesar dos clichês, ''Joe the Barbarian'', escrito por Grant Morrison e ilustrado por Sean Murphy, é um dos destaques do ano nos quadrinhos.

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Logo em sua primeira edição, Morrison faz questão de deixar claro que as várias referências explícitas nas páginas de ''Joe the Barbarian'' vêm diretamente do que vem sido consumido pelos jovens nas últimas décadas na cultura pop mundial. Em entrevista, o escocês anunciou que sua minissérie seria uma mistura de ''Senhor dos Anéis'' com ''Esqueceram de Mim''.

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Bem, no número um, Joe vai pra casa depois de mais um dia de decepções no colégio, atravessa o cemitério para passar mais um de seus momentos solitários frente ao túmulo do pai e depois entra em seu quarto, quase um universo paralelo diante da fria realidade. É ali que ele alimenta seus sonhos e, em um deles, delira com seus brinquedos.

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Nessa realidade paralela - que pode ser fruto de alucinações devido à falta dos medicamentos para o combate à diabetes Tipo 1, e Joe sabe disso -, o protagonista vê seu ratinho de estimação virar um hábil guerreiro e seus ''action figures'' de Batman, Comandos em Ação, Transformers, Dick Tracy, entre outros, ganharem vida. Nesse universo, ele descobre ser parte de um profecia: Joe torna-se ''Dying Boy'', que precisa lutar contra o ''King Death'' para salvar o mundo.


É aí que entra a habilidade de Morrison em conduzir uma história, que, apesar das inúmeras referências, consegue ter uma personalidade própria. O escritor explora bastante os conflitos de Joe, brincando com metáforas - como o fato do ''salvador'' no universo paralelo ter que se salvar na realidade, devido às crises de diabetes -, e também surpreendeendo, já que Morrison é também conhecido por não ter medo de enfrentar o lugar-comum da indústria. Pra ter uma ideia, é só ler ''Asilo Arkham'' ou notar que em recente fase do Batman ele especulou que os pais de Bruce Wayne promoviam sessões de orgias com drogas...

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Bem, é verdade que grande parte do sucesso de ''Joe the Barbarian'' vem das talentosas mãos do novaiorquino Sean Murphy, que já desenhou anual de ''Batman/Superman'' e ''Hellblazer'', gibi de John Constantine. A narrativa de Murphy é cinematográfica e seus planos usam referências fotográficas. O grande diferencial é que os traços minuciosos, com arte-final cartunesca, conseguem transformar tudo ao redor de Joe tão importante quanto o próprio personagem.


É de se destacar, por exemplo, a maneira como Murphy utiliza arquitetura americana dos anos 70, como chalés de madeira e lareira, ao lado de referências oitentistas, a exemplo de tevês e videogames da época. O desenhista faz tudo isso com uma riqueza de detalhes que passaria batida em uma sequência no cinema, mas que torna a experiência da leitura dos quadrinhos ainda mais completa.

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''Joe the Barbarian'' estreou em março, pelo selo adulto Vertigo, da DC Comics, e terá oito edições, com encerramento em outubro, nos Estados Unidos. Antes mesmo do término já estão agendados uma coletânea para fevereiro de 2011 e os direitos para uma adaptação cinematográfica foram vendidos para a Thunder Road Pictures, de olho em algo que misture ''Toy Story'' com ''Crônicas de Nárnia'', ou algo assim. Ainda não há previsão de chegada do material no Brasil, mas, com o barulho que vem fazendo lá fora, logo deve estar nas prateleiras nacionais.



NOITE MAIS DENSA

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''No dia mais claro, na noite mais densa/O mal sucumbirá ante minha presença/Todo aquele que venera o mal há de penar/Quando o poder do Lanterna Verde enfrentar!'' O clássico juramento dos Lanternas Verdes serve para recarregar a força dos anéis energéticos a cada 24 horas. É também parte de uma profecia, que se concretiza na megassaga ''A Noite Mais Densa'', responsável por redefinir os rumos do universo DC Comics. A trama está em andamento no mercado nacional.


''A Noite Mais Densa'' é o encerramento de uma trilogia que o roteirista Geoff Johns iniciou quando trouxe o mais querido Lanterna Verde humano, Hal Jordan, de volta do mundo dos mortos. O título mensal de Jordan se tornou tão popular, assim como o derivado ''Green Lantern Corps'', que os chefões da DC Comics deram sinal verde para Johns agregar às tramas dos gladiadores esmeralda todo o leque de personagens da editora.

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Foi aí que Johns, ubber nerd especialista em ideias mirabolantes, decidiu usar parte do juramento e das profecias do Livro de Oa (a bíblia dos Lanternas) para incluir todo o universo DC na parada. Então segue a história: Em ''A Noite Mais Densa'', a tropa dos Lanternas Negros começa a recrutar zumbis (alguns heróis mortos conhecidos) e a ameaçar a vida no universo. Liderados por Hal Jordan, os Lanternas Verdes então unem-se à Tropa Sinestro, aos Lanternas Vermelhos, Lanterna Azuis, Lanternas Laranjas, Safiras-Estrela e à Tribo Índigo para enfrentar a ameaça.


O que se destaca na série é a facilidade com que Johns consegue amarrar todos os eventos e juntar cada herói de acordo com suas especialidades. Até mesmo cada Lanterna Verde é bem caracterizado, um diferente do outro. Sua fraqueza são as cenas de ação, um tanto quanto confusas. Porém, Johns tem ao seu lado a narrativa e os traços do brasileiro Ivan Reis, que caiu como uma luva na mitologia de Hal Jordan.

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Um dos pontos negativos é que muita da força de Johns, concentrada em apenas dois títulos mensais, ficou diluída em toda a saga, que ocupou títulos demais no Estados Unidos (e gerou reclamação de muitos leitores). Aqui no Brasil vai até fevereiro, em um total de 28 revistas. É claro que não é necessário ler tudo, somente com o mensal de Lanterna Verde e as edições de ''A Noite Mais Densa'', a espinha dorsal de toda a trama, já é possível entender o que acontece.


A série foi bem sucedida lá fora, liderou o ranking de vendas por meses, capitalizou a ''morte'' de Batman, colocou em evidência personagens secundários, enfim, cumpriu seu propósito. Tudo o que vai acontecer no Universo DC nos próximos meses depende da conclusão de ''A Noite Mais Densa''. E mais: a saga populariza ainda mais Hal Jordan, que em junho do ano que vem terá sua primeira grande aventura cinematográfica, vivida por Ryan Reynolds.



JONAH HEX


Ele foi herói para uns, vilão para outros. Essa definição, aliás, está em sua caracterização primordial, presente em suas histórias originais. ''Não tinha amigos esse tal Jonah Hex... Mas possuía duas companhias constantes: Uma era a própria Morte... A outra, o cheiro acre da fumaça das balas dos revólveres.'' O pistoleiro casca-grossa que já enfrentou até zumbis e espíritos malignos chega em breve aos cinemas e ganha no Brasil edição reintrodutória para novos leitores. ''Jonah Hex - Marcado Pela Violência'' sai por aqui pela Panini Comics.


Jonah Hex foi criado pelo roteirista John Albano, autor da introdução acima, e pelo desenhista Tony DeZuñiga, responsável pelo visual próximo daquele estilo western imortalizado por Clint Eastwood nos anos 60 e 70. Suas primeiras histórias, em 1972, seguiam a tradição dos filmes do gênero, como os de Sergio Leone.


Bem, a cronologia de Hex se passa nos Estados Unidos do século XIX, em plena Guerra Civil Americana. Filho de uma prostituta, alcoólatra e ex-integrante de um grupo de soldados confederados, o pistoleiro tornou-se um temido caçador de recompensas, principalmente devido ao seu rosto desfigurado, resultado de uma luta contra um chefe apache.


Com publicações irregulares, o personagem foi reformulado após sua aparição no Universo DC regular, em 1985, durante a Crise nas Infinitas Terras. Hex foi levado para o futuro, em tramas que misturavam western com ficção científica. Não durou muito e, nos anos 90, Hex foi revisto e ganhou especiais de relativo sucesso. Nessa época, suas histórias tinham clima de horror e o pistoleiro chegou a enfrentar demônios e desmortos.


A edição que chega ao Brasil é justamente um novo ponto de partida, que tenta reunir os melhores momentos do personagem em uma roupagem mais atual. Os escritores Justin Gray e Jimmy Palmiotti e o ilustrador brasileiro Luke Ross, orientado pelo cocriador Tony DeZuñiga, recontam a origem de Jonah Hex com todos os ingredientes de um tradicional faroeste.


''Marcado pela Violência'' reúne os seis números iniciais da série lançada em 2005, publicada até hoje. É o arco que influenciou o longa com Josh Brolin, Megan Fox e John Malkovich. A coletânea talvez seja uma oportunidade melhor de conhecer o personagem, já que sua adaptação cinematográfica vem sendo bastante criticada pelos fãs ''puristas''.



LIGA EXTRAORDINÁRIA


Brincar com referências em uma história não é novidade faz muito tempo nos quadrinhos. Porém, ter a habilidade para fazer isso com sofisticação e astúcia é para poucos. Um desses poucos é o chato, irritadiço e genial Alan Moore, que conseguiu, ao lado do ilustrador Kevin O'Neill, transformar ''A Liga Extraordinária'' em uma jornada literária gráfica. ''Liga Extraordinária - Século: 1910'' explora mais uma vez com minúcias a produção textual mundial, desta vez do século XX.


Só para lembrar, o grande charme da Liga Extraordinária é juntar personagens famosos da literatura em um supergrupo, que, de tão genioso que é, precisa primeiro lidar com suas próprias limitações antes de superar os inimigos. Muitas vezes os vilões estão infiltrados, de maneira direta ou indireta, entre os que seriam os heróis da história.


Criada no final dos anos 90, a série original teve como inspiração as criações de autores da Era Vitoriana, como Mina Harker (Bram Stoker), Capitão Nemo (Julio Verne), Dr. Jekyll (Robert Louis Stevenson), Allan Quatermain (H. Rider Haggard), Homem Invisível (H. G. Wells), entre outros. Essa equipe foi a protagonista de dois volumes e tanto Mina quanto Allan estiveram também no especial ''Black Dossier'', que flertou com o século XX em história com elementos de ''1984'', de George Orwell.


''Century'', que é este terceiro volume, será publicado em três capítulos. O primeiro ''Século: 1910'' sai agora, contando o início da trama, que alterna entre a preocupação de um Capitão Nemo à beira da morte; a passagem do cometa Halley e a coroação do rei George V e a formação de um sociedade secreta que planeja destruir Londres. Tudo isso com uma nova liga, formada por Mina, o rejuvenescido Allan, o ladrão reformado Arthur Raffles, o investigador do sobrenatural Thomas Carnacki e o guerreiro imortal Orlando.


Moore continua bastante detalhista com cada referência, seja gráfica e textual, e preciso no ritmo. Como esse é o primeiro capítulo, as coisas acontecem um pouco mais devagar, já que fica nítida a preocupação do roteirista em encaixar a trama em tudo o que aconteceu até o momento, especialmente na dinâmica entre os personagens e o que aconteceu no intervalo entre um volume e outro.


Os desenhos de O'Neill alternam entre o caricato e o mórbido, têm a versatilidade pra reproduzir o real e explorar o fantástico de forma homogênea. Os traços finos de suas hachuras, combinadas com as cores, dão um toque especial à narrativa, bem diferente das histórias de supergrupos.


O problema desse volume, em especial, é que as referências dos autores vitorianos ingleses são muito mais conhecidos pelo público brasileiro do que os dos ingleses do século XX. Assim, várias das brincadeiras que Moore e O'Neill fazem podem passar batidas e não oferecer justamente o que é o charme da Liga Extraordinária. Talvez sejam necessários alguns comentários dos editores para ilustrar melhor o conteúdo da aventura.


A edição sai em formato diferenciado, com duas versões, uma em brochura e outra em capa dura. Os dois outros capítulos deste volume foram prometidos pela Devir Livraria para o ano que vem no Brasil.



SERVIÇO


- A série principal ''A Noite Mais Densa'' tem nove edições mensais com 52 páginas no formato americano (17 x 26 cm) e custa R$ 5,90. ''Universo DC: Lanterna Verde'' é título mensal, publicado com 76 páginas no formato americano e custa R$ 6,50.


- ''Jonah Hex - Marcado Pela Violência'' tem 148 páginas coloridas no formato americano (17 x 26 cm) e custa R$ 14,90.


- ''Liga Extraordinária - Século: 1910'' tem 96 páginas coloridas no formato 20,5 x 27 cm e custa R$ 35 (versão brochura) e R$ 46 (capa dura).


O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845). O telefone de lá é (41) 3232-5367.


Acompanhe também meus textos no blog da revista IdeaFixa.


Twitter: @clangcomix

A maior parte dos textos publicados nesta coluna foi publicada na Folha de Londrina, tanto na versão impressa quanto na virtual.


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