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Adolescentes abusam, mas pílula do dia seguinte não é 100% eficaz

Redação Bonde
03 nov 2015 às 08:17

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- Reprodução
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As pessoas podem evitar uma gravidez indesejada de diversas maneiras: utilizando camisinhas, contraceptivos orais, injetáveis, DIU, entre outros métodos. Todos podem reduzir de maneira significativa a chance da mulher engravidar. A camisinha, quando utilizada de maneira adequada, reduz as chances de gravidez entre 90 a 95%.

Apesar de todos todos os métodos contraceptivos disponíveis e do amplo acesso à informação, uma pesquisa recente realizada pela Casa da Adolescente de São Paulo, indicou que 25% das adolescentes já usaram a pílula do dia seguinte para evitar gravidez. O estudo, que entrevistou 600 adolescentes com idades entre 10 e 15 anos, mostrou que 75% das meninas e 60% dos meninos já estavam por dentro dos métodos para evitar gravidez. Alguns admitiram usar o método mais que uma vez no mês.

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Os números deixaram os pesquisadores estarrecidos, já que a droga deve ser usada apenas em último caso e não rotineiramente. Eles acreditam que uma das causas para o uso indiscriminado do medicamento é a facilidade de compra. Desde 2012 a pílula do dia seguinte pode ser adquirida sem receita médica por maiores de 18 anos. Daí para chegar às mãos de uma adolescente é um pulo.

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Apesar de parecer a 'salvação' para evitar um grande problema, muitos adolescentes desconhecem que a pílula do dia seguinte pode apresentar um índice de falha 15 vezes maior do que o anticoncepcional convencional, e acabam fazendo uso dessa 'bomba' de hormônios sem qualquer controle.

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Os médicos alertam ainda que o problema de tomar a pílula mais de uma vez no mesmo ciclo é que não dá para garantir a mesma eficácia. De acordo com estudos clínicos, a eficiência do medicamento é de 89%.


Outro fato preocupante, segundo os pesquisadores, é que o método não previne a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e acaba expondo as meninas a uma situação de risco, em especial com relação às DSTs.

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Como a pilula funciona?


Embora haja apenas um período de 24 horas para que ocorra a fertilização de um óvulo, o esperma poderá permanecer no corpo da mulher por um período de três a cinco dias. Sendo assim, se uma mulher teve relação sexual sem proteção três dias antes da ovulação, haverá uma grande chance dela engravidar.

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A pílula do dia seguinte é um anticoncepcional de emergência que deve ser tomado no máximo até 72 horas após a relação sexual visando evitar a gravidez. Ela deve ser tomada somente em casos de urgência e não como um método anticoncepcional de rotina. Nos Estados Unidos a chamam de plano B. Seu uso é indicado quando, por exemplo, a camisinha estoura, ou então quando a mulher esquece de tomar a pílula anticoncepcional e só se lembra no momento da relação sexual. Em casos de estupro ela também é amplamente utilizada.


A pílula mais comum no Brasil é composta pelo genérico levonorgestrel, que ajuda a diminuir a chance de gravidez caso a mulher ainda não esteja grávida. O medicamento não surte efeito na mãe ou no feto, caso a mulher já esteja grávida.

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São dois comprimidos, o primeiro deve ser tomado preferencialmente nas primeiras 24 horas, seguido de outra dose após 12 horas. Quanto mais cedo você tomar, maior será a eficácia da pílula. Há ainda versão que concentra toda a dose em um único comprimido, que também deve ser tomado o quanto antes.


Estudos mostram que o levonorgestrel evita a gravidez por interromper o processo de ovulação ou interromper a capacidade do esperma e do óvulo de se encontrarem nas Trompas de Falópio. Alguns cientistas afirmam que a droga pode evitar que o óvulo fertilizado também seja implantado, talvez fazendo com que o revestimento uterino fique menos receptivo ao óvulo.

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O levonorgestrel faz isso ao interromper o ciclo hormonal natural. Ele contém uma forma sintética de progesterona em alta dose (os comprimidos normais de controle de natalidade apresentam dosagem menor). Altas doses de progesterona interrompem o ciclo evitando que a fertilização ou a implantação do embrião, também chamada de nidação, aconteça.


Caso a ovulação já tenha ocorrido, o levonorgestrel será menos eficaz. Por isso é importante utilizar a pílula o quanto antes após uma relação sexual sem proteção. Quando o óvulo fertilizado for implantado, a pílula não terá efeito.

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O uso do anticoncepcional convencional deve ser interrompido quando a mulher utiliza o contraceptivo de emergência, que fará com que ela menstrue. Na sequência, deve-se começar a tomar uma nova cartela de pílula. Nesse intervalo o casal não deve fazer sexo desprotegido, pois a pílula do dia seguinte não tem efeito cumulativo.


Não é abortivo


Ao contrário do que muita gente pensa, a pílula do dia seguinte não é um abortivo, mas um contraceptivo. De acordo com o médico de família Leonardo Ferreira Fontenelle, a pílula do dia seguinte está longe de ser o melhor método de planejamento familiar, já que tem uma eficácia pouco satisfatória e muitos efeitos colaterais. Mesmo assim, vale ressaltar a importância desse medicamento na vida das mulheres, pois ele tem diminuído em mais de 50% a taxa de gravidez indesejada e evitado milhares de abortamentos.


Redução dos riscos


O risco de gravidez depois de uma relação sexual desprotegida é de cerca de 8%; usando a pílula do dia seguinte, esse risco cai para algo entre 1% e 2%. Não existe diferença de eficácia entre tomar dois comprimidos de uma só vez e tomar um comprimido logo e outro 12 ou até 24 horas depois.


Por outro lado, começar logo faz muita diferença. Usar a pílula do dia seguinte nas primeiras 24 horas depois da relação sexual diminui em 54% o risco de gravidez, quando comparado a usar 24 a 48 horas depois, e em 74%, quando comparado a usar 48 a 72 horas depois.


Vale lembrar que vários outros medicamentos podem, teoricamente, diminuir a eficácia do levonorgestrel. Por isso, se você faz uso contínuo de algum remédio, consulte seu médico para se certificar se a pílula será eficiente no seu caso.


Contraindicações

Mulheres com distúrbios metabólicos, principalmente insuficiência hepática e tromboembolismo venoso devem evitar tomar o medicamento. É importante conversar com um médico antes. (com informações do Diário de Biologia, Dr. Drauzio Varella e Dr. Leonardo)


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