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Brasileiro agora poupa para pagar despesas do dia a dia, diz pesquisa

Folhapress/Eduardo Cucolo
15 dez 2020 às 14:43
- Reprodução/Pixabay
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Os brasileiros ainda estão com receio de gastar o dinheiro poupado durante a pandemia e pretendem continuar economizando recursos nos próximos meses. É o que mostra pesquisa inédita realizada pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).


De acordo com a sondagem especial realizada em novembro, 37,7% dos brasileiros estão guardando recursos por preocupação em relação à pandemia e seus efeitos sobre a economia. Entre os que conseguiram economizar, 73% afirmam que vão continuar poupando e apenas 1,4% pretende gastar totalmente os recursos.

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Sondagem anterior mostrou que quase 60% dos consumidores adiaram as compras por causa da pandemia, o que possibilitou esse acúmulo de recursos.

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Sobre o principal destino do dinheiro poupado, praticamente metade dos entrevistados na nova pesquisa afirma que vai gastar com despesas do dia a dia, quitar dívidas ou pagar impostos, o que gera dúvidas sobre a capacidade dessas poupanças de ajudar na recuperação do consumo e do setor mais afetado pela crise, os serviços.

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"O que sobra para aumentar o consumo é muito pouco, dado que você tem um grande volume de recursos dessa poupança precaucional usado para despesas correntes, quitação de dívidas e até pagamento de tributo", diz Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.


Despesas com viagem de férias, como hospedagem, alimentação e transporte, foram citadas por 15%, percentual que surpreendeu os pesquisadores diante da queda no consumo desses itens desde o início da pandemia.

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O percentual supera o de gastos com bens duráveis (11,6%), como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis, segmento que sofreu menos com a crise.


Apenas 1% dos entrevistados vai usar o dinheiro para ir a teatro, cinema, show, passeios, bares e restaurantes.

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Outro destaque é o percentual de pessoas na faixa de renda mais baixa da pesquisa (até R$ 2.100 mensais) que apontou "outros gastos" (40,4%).


Nesse caso, a maioria afirmou que vai usar o dinheiro para reforma de imóveis, o que deve manter aquecida a venda de material de construção verificada nos últimos meses.

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Em relação ao momento em que vão usar o dinheiro, 24,5% disseram que iriam gastá-lo em dezembro, mês do Natal, cerca de 40% em até seis meses, 17% depois desse período, e 18% disseram não saber.


O levantamento foi realizado de 3 a 21 de novembro com 1.887 consumidores.

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Os dados mais recentes mostram que a taxa de poupança das empresas e famílias brasileiras voltou a subir no terceiro trimestre, atingindo o maior nível desde o início de 2015 (17,3% do PIB ou R$ 328 bilhões no período), segundo o IBGE.


De acordo com o Banco Central, só na caderneta, o valor total dos recursos depositados cresceu R$ 179 bilhões de fevereiro a novembro.

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Para o FGV Ibre, a pesquisa confirma a expectativa de que essa poupança vai demorar a se transformar em consumo enquanto durar a pandemia e que, mesmo que o dinheiro volte, não será suficiente para compensar o fim do auxílio emergencial.


A maior parte dos recursos também não deve ir para gastos com serviços. Setor com maior peso na economia o mais prejudicado pela crise, ele é o que mais emprega e poderia ajudar a reduzir a elevada taxa de desemprego no primeiro semestre de 2021.


"Surpreende o percentual dos que estão poupando e dizem que vão gastar parcialmente ou totalmente esses recursos, que é pequeno. Ou seja, ainda há uma cautela muito grande desses consumidores em todas as faixas de renda", afirma a coordenadora das sondagens do FGV Ibre.


Ela afirma que as sondagens do consumidor do FGV Ibre mostram que a expectativa em relação ao mercado de trabalho deixou de ser positiva nos últimos três meses, o que reflete a tentativa frustrada das pessoas que voltaram a procurar emprego com a retomada das atividades.


"Esses recursos estão sendo guardados talvez por uma necessidade ou preocupação dos consumidores com medo de desemprego, com uma nova onda que impossibilite o retorno ao trabalho, uma nova onda de demissões, já que você não tem uma recuperação forte do setor de serviços, que é o que mais contrata no Brasil."


Viviane afirma que a expectativa de gastos dessa poupança também está influenciada pela mudança no perfil de consumo verificado durante a pandemia, com uma participação menor dos gastos com serviços, e que não se sabe o que mudará quando a pandemia for superada.


"Neste período da pandemia faz sentido um aumento do consumo de bens em detrimento dos serviços, mas a gente não sabe o quanto o comportamento do consumidor vai mudar depois que a pandemia passar. Isso tem sido discutido até em outros países."


Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre, afirma que o agravamento da crise sanitária, com o aumento no número de mortes, vai postergar o uso desses recursos e não deve confirmar a tese de que esse dinheiro pode compensar o fim do auxílio emergencial a partir de janeiro.


"A pergunta é se a poupança vai virar consumo. A sondagem nos faz ter um pouco mais de cautela. Entre os mais pobres, parte vai virar consumo. Mas quem poupa, em geral, são as famílias mais ricas", diz Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre.


"A pesquisa mostra a dificuldade de imaginar que essa poupança logo voltará e poderia reanimar a economia rapidamente. Quanto mais tempo durar [a pandemia], mais tempo a poupança vai ficar sendo acumulada, se for possível seguir acumulando. Nas famílias de mais alta renda, onde essa poupança está mais alocada, ela provavelmente não vai virar consumo no início de ano."


Ela projeta que a economia só deve ter uma retomada mais forte no segundo semestre de 2021 e que o desafio será passar por esse primeiro semestre em que haverá queda na renda e uma demora para a normalização das atividades do setor de serviços e do mercado de trabalho.


Na avaliação de Matos, é necessário tentar criar algum novo programa de transferência de renda, mesmo com a restrição fiscal, mas que caiba nas regras do teto de gastos.

"O objetivo não é achar algum atalho fiscal, tem de achar algum espaço no Orçamento para alguma política correta, reduzir outros gastos e acomodar uma eventual necessidade de um programa, mas eu acho que ele é necessário, ainda mais nesse contexto de o setor de serviços e o emprego demorarem mais tempo para se normalizar."


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